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Estado de Minas

Áustria e Alemanha recebem imigrantes


postado em 04/09/2015 23:46

Áustria e Alemanha aceitaram receber os milhares de imigrantes que estão na Hungria, e o primeiro de vários ônibus já chegou à fronteira austríaca, anunciou neste sábado a agência oficial húngara MTI.

A decisão de receber os imigrantes, motivada pela "atual situação de emergência na fronteira húngara", foi informada ao premiê húngaro, Viktor Orban, pelo chanceler austríaco, Werner Faymann, "de comum acordo" com a chanceler alemã, Angela Merkel.

O governo húngaro decidiu mobilizar uma centena de ônibus para conduzir os imigrantes até a fonteira austríaca e o primeiro destes coletivos - fretados pelas autoridades - chegou ao posto de passagem de Hegyeshalom-Nickelsdorf na manhã deste sábado.

O ônibus conduzia cerca de 50 imigrantes recolhidos na estrada quando caminhavam em direção à fronteira.

A partir da 01H40 local (20H40 Brasília), dezenas ônibus começaram a sair da estação Budapeste-Keleti levando imigrantes para a fronteira, informou a MTI.

Muitos imigrantes na estação desconfiavam do destino final dos ônibus e questionavam se iriam "para a fronteira ou para um campo" de refugiados.

"Não fiquei tranquilo ao partir da estação Keleti", disse Mohammed, um sírio de 26 anos de Damasco. "Depois relaxei ao ver o rio Danúbio pela janela. Tinha ouvido falar mais nunca tinha visto, é magnífico!"

A Áustria prevê a chegada de "800 a 3.000" refugiados nas próximas horas, e a Cruz Vermelha e as forças da ordem estão preparadas para recebê-los, disse o porta-voz da polícia austríaca, Werner Fasching.

Além de alimentos e instalações médicas, a Áustria disponibilizou 600 camas no setor de Nickelsdorf para receber os imigrantes, e mobilizou esforços nas regiões vizinhas, segundo Fasching.

Mudança de postura

Depois de dias de bloqueio, centenas de imigrantes que estavam na Hungria se rebelaram nesta sexta-feira e retomaram a marcha rumo à Europa ocidental.

Enquanto isso, a 2.000 km dali, em Kobane (Síria), Abdullah Kurdi, o pai do menino de três anos que morreu afogado em uma praia turca juntamente com o irmão e a mãe na tentativa de chegar à ilha grega de Kos, sepultou sua família.

O pai de Aylan segurou o corpo do filho nos braços antes de depositá-lo na sepultura, relatou uma testemunha.

A imagem do menino, encontrado morto em uma praia da Turquia, se transformou em um símbolo poderoso e controverso e em uma ferramenta formidável de pressão sobre os países da União Europeia, divididos sobre como enfrentar a pressão migratória.

A comoção despertada pela tragédia parece ter vencido as resistências do premiê britânico, David Cameron, criticado pela falta de envolvimento na crise dos imigrantes.

Em visita a Lisboa, Cameron anunciou nesta sexta que a Grã-Bretanha está disposta a receber "milhares de refugiados sírios adicionais". No último ano e meio, Londres acolheu 219 sírios.

"Diante da envergadura da crise e do sofrimento das pessoas, posso anunciar hoje que faremos mais, acolhendo milhares de refugiados sírios adicionais", afirmou.

Corredor ferroviário

Em Budapeste, que suspendeu os trens com destinos internacionais há quatro dias - particularmente para Áustria e Alemanha - mil imigrantes, entre os quais crianças e pessoas em cadeiras de rodas, deixaram à tarde a estação central para tentar chegar a pé na Áustria, distante 175 km.

Ao mesmo tempo, 300 imigrantes fugiram de um acampamento de acolhida em Roszke, perto da fronteira com a Sérvia, o que levou as autoridades a fechar parcialmente uma passagem fronteiriça localizada nos arredores, uma fronteira onde já foi erguida uma barreira.

A Hungria, um dos principais países de trânsito na Europa Central, se defronta com uma enxurrada de refugiados sem precedentes. Só na quinta-feira, segundo a ONU, chegaram ali 3.300 pessoas.

Em agosto, mais de 50 mil emigrantes chegaram ao país.

Esta situação levou o Parlamento a aprovar nesta sexta-feira, em caráter de urgência, um reforço das leis anti-imigração, propostas pelo governo de Viktor Orban, e decretar "estado de crise", uma disposição que concede maiores prerrogativas às autoridades.

A Hungria critica a decisão da Alemanha de não reenviar os refugiados sírios ao país-membro da UE aonde chegaram primeiro, como recomendam os acordos do bloco. Isto cria, segundo Budapeste, um efeito manada.

"A Europa deve parar de alimentar sonhos e esperanças irreais", disse o ministro húngaro de Relações Exteriores, Peter Szijjarto, ao chegar a Luxemburgo para uma reunião de dois dias com os colegas do bloco.

"As recriminações não vão ajudar para controlar este problema", disse o ministro alemão, Frank-Walter Steinmeier, que pediu o fim das "recriminações". "A Europa não tem direito a se dividir diante de semelhante desafio".

Perante esta situação, a República Tcheca e a Eslováquia propuseram abrir um corredor ferroviário para os refugiados sírios entre a Hungria e a Alemanha, se Budapeste e Berlim concordarem.

Os presidentes dos dois países se reuniram em Praga com seus colegas de Polônia e Hungria. Os quatro chefes de Estado reafirmaram sua oposição ao sistema obrigatório de distribuição por cotas dos solicitantes de asilo, proposto pela Comissão Europeia.

Duzentos mil refugiados

A UE, em particular os países da costa meridional do bloco, enfrentam uma pressão migratória sem precedentes. Desde o começo do ano, mais de 350 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo, e mais de 2.600 morreram tentando chegar por mar à Europa, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Esta situação, a pressão migratória que sobrecarrega as infra-estruturas de acolhida e os dramas sucessivos que se repetem há meses, levaram a Comissão Europeia a propor a distribuição compulsória de solicitantes de asilo, recebida com opiniões contraditórias pelos 28 integrantes do bloco.

Na próxima semana, haverá novas propostas para que a distribuição dos solicitantes de asilo chegue a 120 mil pessoas. Em julho, os 28 só aceitaram uma distribuição voluntária de demandantes, sem um mecanismo permanente, e propuseram um total de 32 mil vagas.

A ONU voltou a pressionar nesta sexta-feira os europeus, ao pedir a distribuição obrigatória de pelo menos 200 mil demandantes de asilo entre os 28 membros da UE.

Por outro lado, a OIM anunciou que pelo menos 30 pessoas que zarparam da Líbia estão desaparecidas no Mediterrâneo depois que o bote inflável com 120 a 140 pessoas a bordo naufragou. A guarda costeira italiana resgatou 91 pessoas.

Em outro incidente, uma lancha, também da guarda costeira italiana, socorreu uma embarcação em dificuldades com 106 pessoas a bordo.


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