O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, insistiu nesta quinta-feira no levantamento das sanções impostas a seu país, sem o qual o acordo nuclear com as grandes potências não terá razão de ser.
"Se as sanções não forem suspensas, não haverá acordo", declarou o aiatolá Khamenei ao se reunir com os membros da Assembleia dos Especialistas, uma das instituições mais poderosas do Irã.
De acordo com seu gabinete, o líder supremo afirmou - sem citar nomes - que "líderes americanos falam de maneira muito negativa sobre uma manutenção do quadro de sanções".
"Se o quadro de sanções for mantido, então por que nós negociamos?", questionou. "Se fizemos compromissos e concessões, foi principalmente para que as sanções fossem levantadas, caso contrário, qual seria o interesse das negociações?", acrescentou.
O acordo alcançado em Viena em 14 de julho pelo Irã com as grandes potências - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China, Rússia e Alemanha -, prevê uma retirada gradual e reversível das sanções impostas desde 2006 a Teerã em troca de seu compromisso de abandonar qualquer projeto de arma nuclear.
O aiatolá Khamenei espera que o Parlamento esteja envolvido na revisão do acordo sem, contudo, fazer qualquer tipo de recomendação sobre sua "rejeição" ou "ratificação".
"Cabe aos representantes da nação decidir", assegurou, acrescentando que ele expressado a sua posição ao presidente Hassan Rohani.
Um debate está em andamento no Irã sobre a necessidade de o Parlamento aprovar ou não o acordo. Os deputados desejam, mas o governo e a equipe de negociadores nucleares acreditam que uma votação no Parlamento não é do interesse nacional, porque transformaria os compromissos voluntários do Irã em obrigação legal.
No entanto, mesmo em caso de votação, os conservadores, maioria no Parlamento, devem, em princípio, não se opor a um acordo possibilitado pelo próprio Khamenei, que autorizou as negociações.
Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama deve sair vitorioso da batalha no Congresso sobre o acordo nuclear após convencer um número de senadores suficiente em antecipação da votação que terá lugar nas próximas semanas.