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Estado de Minas

FMI põe Merkel contra a parede


postado em 18/08/2015 16:10

A chanceler Angela Merkel não quer se lançar em um novo programa de ajuda à Grécia sem o Fundo Monetário Internacional, mas a instituição impõe condições que a chanceler alemã rejeita, o que a deixa em uma posição delicada na véspera da votação dos deputados alemães.

"Promessa descumprida", atacou na segunda-feira o tabloide Bild, lembrando que a mandatária garantiu a participação do FMI no plano de 86 bilhões de euros para tentar tirar a Grécia da crise.

Na quarta-feira, a chanceler e seu ministro da Economia, Wolfgang Schäuble, defenderão ante os deputados a aprovação do plano aceito na sexta-feira pelo Eurogrupo e do qual o FMI está ausente.

Na televisão pública alemã, no domingo, Merkel demonstrou confiança na presença do FMI. No entanto, a incerteza está aí, já que a instituição pediu até outubro para dar uma resposta.

"Esta participação é totalmente necessária", disse na segunda-feira um porta-voz do ministério da Economia, Marco Semmelmann.

Uma opinião compartilhada por muitos deputados do partido conservador CDU de Angela Merkel. Michael Fuchs reconheceu, na Bloomberg TV, que ainda não decidiu o que vai votar e que sem um compromisso claro do FMI, "poderá haver mais votos contrários do que os 60 integrantes das fileiras conservadoras em julho", durante a votação sobre o início da negociação de um novo plano.

Esses "dissidentes" não supõem um grande risco dada a importância de sua maioria (504 de 631 deputados) e embora a popularidade de Merkel não esteja em queda, eles representam uma opinião crescente na opinião pública que a chanceler no pode ignorar.

Garantia implícita

"O FMI tem uma reputação de ser duro e independente, muito mais do que a Comissão Europeia. Por isso, se o FMI apoiar o programa, ajuda Merkel a vender o acordo a seu próprio partido e ao público alemão em geral, que tende a achar que já pagou muito pela Grécia", explica Holger Schmieding, economista da Berenberg.

Para Sylvain Broyer, economista de Natixis, o ministério da Economia vê no FMI "uma forma de se proteger, já que implicitamente, garante a devolução dos empréstimos", como exige o Fundo.

Em 2010, na ocasião do primeiro plano para a Grécia, a Alemanha pediu que o FMI fizesse parte e contribuísse com suas competências técnicas.

Para o outro partido no poder, os social-democratas do SPD, este ponto é menos importante. O vice-presidente do grupo parlamentar, Carsten Schneider, considera que este não é um "critério eliminatório" para o voto, pois o importante é que o FMI continue como conselheiro para ajudar a Grécia para voltar a crescer.

Margem de manobra

Entretanto, as exigências do FMI são inaceitáveis para Merkel e seu partido.

Na sexta-feira, a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, voltou a exigir um alívio "significativo" da enorme dívida grega, considerada "insustentável", já que ela deve avançar para 200% do PIB do país.

"É fundamental que os sócios europeus da Grécia assumam compromissos concretos (...) para aliviar significativamente a dívida muito mais do que foi considerado até agora", acrescentou.

Para Berlim, uma condenação pura e simples de uma parte da dívida é um limite que não deve ser ultrapassado, pois os contribuintes alemães não aceitariam.

Alegando que a redução é vetada pelos tratados europeus, Wolfgang Schäuble conseguiu que o Eurogrupo deixasse isso claro em seu comunicado. Angela Merkel diz que há "margens de manobra" com as taxas de juros dos títulos da dívida ou com os prazos de seu vencimento. Mas o secretário de Estado Jens Spahn, figura importante do CDU, os considera "limitados".

"Todo mundo terá que ceder", adverte Sylvain Broyer.


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