(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

A fase difícil dos países emergentes


postado em 04/08/2015 16:46

Os países emergentes vivem um período difícil, entre as convulsões financeiras na China e a crise no Brasil, que preocupam alguns mercados europeus pendentes do futuro da Grécia.

A federação da indústria alemã reconheceu recentemente em um comunicado que "as empresas alemães haviam-se preparado para uma desaceleração do crescimento chinês, mas se surpreenderam com as grandes mudanças nos mercados financeiros do gigante asiático".

As bolsas chinesas sofreram enormes perdas desde meados de junho, prejudicando os pequenos acionistas, que são a imensa maioria dos investidores.

Na terça-feira da semana passada, a agência de classificação de risco Standard & Poor's considerou que a dívida do Brasil se aproxima cada vez mais da categoria de investimento "especulativa".

O real, assim como as moedas de outros países emergentes como México, África do Sul, Colômbia e Turquia, são negociadas no patamar mais baixo em anos.

Essas quedas refletem a redução dos preços das matérias-primas, hidrocarbonetos e metais, como o cobre, que perdem peso nas exportações de numerosos países emergentes.

Na semana passada, duas das maiores companhias de mineração do mundo, a Anglo American e a Lonmin, anunciaram milhares de demissões na África do Sul e em outros países.

Para muitos economistas, a chegada de Cuba e Irã ao cenário econômico mundial complicará ainda mais a situação de vários países, sobretudo os exportadores de hidrocarbonetos e dos que, em grande medida, dependem dos Estados Unidos.

Christopher Dembik, economista da Saxo Banque, opina que a maioria dos países emergentes "não fizeram as reformas estruturais necessárias, não têm uma indústria diversificada nem uma verdadeira sociedade de consumo" para absorver os choques externos.

O economista acredita que, diferentemente dos países desenvolvidos, os emergentes não terão longos períodos de prosperidade para consolidar seus modelos por culpa da "precipitação dos ciclos econômicos", cada vez mais curtos porque estão mais vinculados aos versáteis mercados financeiros.

'Um caso à parte'

Dembik considera, no entanto, que a China é "um caso à parte" e se mostra "otimista no médio e longo prazo" sobre o futuro do país asiático, devido ao alto nível de poupança privada e ao intervencionismo do Estado.

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, declarou na quarta-feira passada que a economia chinesa é "resistente e suficientemente forte para suportar esse tipo de grandes variações nos mercados".

Patrick Artus, economista da Natixis, alerta que "a forte desaceleração do crescimento potencial da China terá efeitos consideráveis" sobre a economia mundial.

O economista-chefe da seguradora Euler Hermes, Ludovic Subran, ressalta a permanência da fragilidade do comércio internacional que, segundo ele, é resultado de "contraglobalização" e do surgimento de "fortalezas" nos Estados Unidos e na Europa, onde a economia se reativa em que os países emergentes se beneficiem disso.

"Os consumidores europeus e norte-americanos não vão salvar o mundo, o patriotismo econômico e financeiro aumenta", opina.

Subran lembra que, em alguns países, a opinião pública está cada vez mais pendente das desigualdades e se mostra mais reticente na hora de deixar seus recursos naturais em mãos estrangeiras.

Nesses Estados, a sociedade pede mais explicações a seus políticos. "Não se pode importar capitais e ter funcionários formados no exterior sem importar um pouco de democracia", afirma Subran.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)