A nova proposta do governo grego a seus credores, examinada nesta sexta-feira pelo Parlamento grego, devolveu a esperança de um acordo que permita à Grécia permanecer na zona do euro.
Essa proposta será analisada no próximo sábado pelos ministros da Economia da zona do euro.
O encontro do Eurogrupo acontecerá antes de uma cúpula extraordinária sobre a Grécia em Bruxelas, a ser realizada no domingo, com a participação de todos os 28 países que integram a União Europeia (UE).
As propostas de Atenas foram recebidas com prudência e, ao mesmo tempo, com otimismo, em várias capitais europeias, entre elas Paris, Roma e Viena.
Pelo lado dos conciliadores, o presidente francês, François Hollande, considerou as últimas propostas de Atenas "sérias" e "concretas", embora tenha admitido que, por enquanto, não há nada resolvido.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, classificou a posição grega de "equilibrada e positiva".
Já a Alemanha se limitou a declarar que espera o veredito dos credores (FMI, BCE, UE) para se pronunciar.
'Seguimos juntos ou caímos juntos'
Apresentada em um documento de 13 páginas, a proposta da Grécia inclui medidas às quais o Syriza, partido de Tsipras, havia se oposto, e que o próprio povo grego rejeitou no referendo do último domingo por mais 60% dos votos.
À primeira vista, as propostas anunciadas por Atenas na noite de quinta-feira são muito parecidas com o último texto dos credores de 26 de junho, sobre uma série de temas muito delicados: aposentadorias, IVA, privatizações e impostos sobre sociedades.
Tsipras tem a dura tarefa de convencer a ala de esquerda do seu partido Syriza, os gregos que rejeitaram em referendo as medidas que ele propõe agora e os próprios credores do país.
A tarefa que não será fácil.
Nesta sexta-feira, entre 7.000 e 8.000 pessoas se manifestaram em Atenas, convocadas por um sindicato comunista e partidos de esquerda.
Cinco deputados do Syriza disseram nesta sexta que o governo não deveria ceder à "chantagem" dos credores. Nesse cenário, Tsipras poderá contar, porém, com o apoio dos grandes partidos da oposição, aos quais fez reiteradas consultas nesta semana.
Hoje pela manhã, o premiê Tsipras reuniu seu grupo parlamentar e fez um pedido de "unidade", segundo a agência estatal ANA. "Seguimos juntos, ou caímos juntos", alertou.
E agora, a dívida
Para um acordo completo, no entanto, o mais importante será ter "uma perspectiva clara sobre o tratamento da dívida", que atualmente ultrapassa 180% do PIB grego.
A implementação de um plano de redução da dívida é a principal concessão esperada por Atenas.
Embora o assunto divida os europeus, Atenas insiste em manter esse debate, com o apoio explícito da França, do FMI, do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e de renomados economistas.
Nesta sexta, Berlim disse ver "pouca margem de manobra" para reestruturar a dívida grega, embora se trate de um avanço. Na véspera, Angela Merkel chegou a declarar que essa hipótese estava "fora de cogitação".
O novo ministro grego da Economia, Euclide Tsakalotos esperou, por sua vez, que "muitas das propostas da Grécia sobre a dívida sejam aceitas".
As principais Bolsas europeias fecharam a semana com forte alta, na expectativa de que a Grécia e seus credores cheguem a um acordo em torno da dívida, à espera das reuniões deste fim de semana.
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