O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que as declarações de Putin fazem parte de um perigoso padrão de comportamento de Moscou. “Esse ruído de sabres nuclear da Rússia é injustificado, desestabilizador e perigoso”, afirmou Stoltenberg, usando uma expressão usada para designar uma demonstração ostensiva de poder militar, após um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Putin prometeu continuar com uma grande modernização de armas apesar da recessão econômica do país. No ano passado, o país recebeu 38 mísseis novos. Ele mencionou especificamente os tanques Armata e outros veículos blindados novos, que foram mostrados pela primeira vez ao público durante um desfile militar na Praça Vermelha no mês passado. Putin também observou que os militares começaram a testar seu novo radar de alerta de longa distância destinado a monitorar a direção ocidental. Posteriomente, o radar também será implantado na parte Leste do país.
O presidente disse que o programa de rearmamento deverá ajudar a incentivar o crescimento econômico e as inovações pioneiras do país. Peritos independentes alertam, no entanto, que as novas armas deverão gerar gastos de US$ 400 bilhões até 2020 e que seria um fardo insuportável agora, quando a economia russa entrou em recessão. Putin investiu imensos recursos para renovar as Forças Armadas, que eram pobres e desfuncionais, até converter o Exército e indústria militar russa em uma “locomotiva para a inovação”.
Comparação A Rússia tem aproximadamente 7,5 mil ogivas nucleares, segundo o Stockholm International Peace Research Institute, das quais 1.780 estão mobilizadas em mísseis ou em bases militares. Em comparação, os Estados Unidos têm 7,3 mil ogivas, 2.080 das quais estão mobilizadas. A crise na Ucrânia elevou as tensões entre a Rússia e o Ocidente a um ponto desconhecido desde o fim da Guerra Fria. A Polônia e outros países do leste europeu se mostraram alarmados com a anexação pela Rússia da península ucraniana da Crimeia em 2014. Kiev e seus aliados acusam Moscou de enviar tropas e armamento para apoiar os separatistas do Leste da Ucrânia, mas a Rússia sempre negou estas afirmações.
Devido à crise ucraniana, a Otan decidiu colocar em andamento exercícios dirigidos pelos Estados Unidos nos Estados Bálticos e na Polônia, que começaram no início do mês. O jornal The New York Times informou no fim de semana que o Pentágono estava pronto para mobilizar armamento pesado e mais de 5 mil soldados americanos em vários países do Leste da Europa e nos países bálticos para conter a ameaça russa. Se a proposta for aprovada, será a primeira vez desde a Guerra Fria em que Washington leva armamento pesado – incluindo tanques de batalha – a países membros da Otan que já estiveram sob influência soviética.
A secretária da Força Aérea Americana, Deborah Lee James, afirmou que Washington pode mobilizar caças F-22 na Europa para manter Moscou à distância, noticiou o Wall Street Journal na segunda-feira. O Ministério das Relações Exteriores russo se pronunciou contra esta medida: “Os Estados Unidos estão alimentando a tensão e os medos de seus aliados europeus antirrussos, também porque planeja utilizar as tensões atuais para expandir sua presença militar e fortalecer sua presença na Europa”. O vice-ministro da Defesa russo, Anatoly Antonov, acusou a Otan de “empurrar (Moscou) a uma corrida armamentista”, segundo a agência estatal RIA Novosti.