Os ministros da economia e presidentes dos bancos centrais do G7 debatem nesta quinta-feira em Dresden (Alemanha) o crescimento mundial e a harmonização fiscal, em reunião que acontece com a ausência da Grécia e da China.
"A saída da Grécia da zona do euro é uma possibilidade, mas não significaria o fim da moeda única", declarou Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo uma entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
A saída "não seria um passeio pelo parque" para os demais integrantes da zona do euro, mas "provavelmente não será o fim do euro", acrescentou.
O tom se endurece entre a Grécia e as instituições com as quais negocia arduamente uma nova parcela da ajuda para seus cofres vazios antes do fim de junho.
É também a primeira vez que a autoridade de uma instituição credora da Grécia menciona abertamente a possibilidade de uma "Grexit", como é chamada a saída do país da zona do euro.
Impaciência
O tema preocupa a todos, um dia depois de o governo grego afirmar que está sendo elaborado um rascunho de acordo com os credores, anúncio que não foi confirmado por eles (FMI, BCE e União Europeia).
"É muito improvável que a gente chegue a uma solução global nos próximos dias" advertiu Lagarde.
Já o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, disse nesta quinta-feira que um acordo com a Grécia é "possível", mas que, ao contrário do que afirma Atenas, "não se pode dizer que foram percorridos três quartos do caminho".
"Há muito trabalho por fazer", comentou o comissário francês à rádio France Culture, de Dresden (Alemanha), onde assiste a uma reunião do G7 Financeiro.
Os ministros da Economia do G7 (Alemanha, Estados Unidos, Japão, Canadá, Reino Unido, França e Itália), assim como seus respectivos presidentes de bancos centrais, examinarão o assunto, embora oficialmente ele não esteja na agenda do encontro.
A reunião ministerial é uma espécie de debate geral antes da cúpula do G7, nos dias 7 e 8 de junho na Baviera.
Os integrantes do G7 de fora da UE demonstraram impaciência. O secretário do Tesouro americano, Jack Lew, pediu na quarta-feira em Londres que resolva rapidamente a crise da dívida grega para evitar "acidentes".
"Um erro de cálculo pode levar a uma crise potencialmente muito prejudicial", disse em uma conferência na London School of Economics.
"Todo mundo tem que redobrar esforços, tratar a próxima data limite como se fosse a última e resolver isso", pediu.
Para seu colega canadense, Joe Oliver, a crise grega está "ainda sem solução", e é um fator que "exacerba os riscos" que pesam sobre uma economia mundial que permanece frágil.
Sem a presença da Grécia, o G7F abordará os meios para tornar o crescimento econômico duradouro. Dessa vez, a reunião não contará com um comunicado final, a fim de evitar-se perdas de tempo desnecessárias em busca de fórmulas consensuais.
China também preocupa
Na sessão prevista para sexta-feira de manhã, também serão abordados temas da atualidade como a situação financeira da Ucrânia e uma possível ajuda financeira ao Nepal depois dos terremotos.
Outro assunto será o novo banco de investimentos impulsionado pela China, em que os europeus do G7 querem participar, ao contrários dos Estados Unidos. Há ainda o tema da moeda chinesa, que Pequim deseja inserir na cesta dos Direitos Especiais de Giro do FMI.
O próprio FMI amenizou nesta semana a disputa entre Pequim e Washington sobre o valor do iuane, ao afirmar - contrariamente ao que defendem os Estados Unidos - que a divisa chinesa já não está mais subvalorizada. Lew expressou sua oposição a essa posição.
