Os governos de Brasil e México, as duas maiores economias da América Latina, anunciaram nesta terça-feira a abertura de uma nova fase das relações bilaterais, com os acordos alcançados durante a primeira visita de Dilma Rousseff ao país.
"Hoje estamos dando um salto qualitativo na relação entre Brasil e México.
A visita de Estado de dois dias de Dilma acontece em meio às turbulências econômicas enfrentadas pelos dois países, que levaram seus governos a implementar grandes cortes de gastos em seus orçamentos.
Com suas economias estagnadas, os dois governantes expressaram a necessidade de estreitar suas relações comerciais.
"As relações entre Brasil e México apresentam um grau de potencialidade que temos a obrigação de explorar", afirmou Dilma Rousseff, que chegou na tarde de segunda-feira à capital mexicana.
O comércio bilateral cresceu 475% nas últimas duas décadas em 2014, superando os 9 bilhões de dólares, mas ambos os governos acham possível dobrar este nível na próxima década.
"Queremos passar dos 9,2 bilhões de dólares que temos hoje em comércio para o dobro disso em menos de 10 anos", projetou Peña Nieto.
Embora esta seja sua primeira visita de Estado ao México desde que assumiu o poder em 2011, Dilma Rousseff e Peña Nieto já tiveram quatro encontros.
Tequila e Caipirinha
Os mandatários enumeraram os acordos alcançados em matéria de comércio, investimentos, turismo e meio ambiente, entre outros.
"Nós atualizamos, modernizamos o acordo de cooperação entre Brasil e México", disse Peña Nieto.
Em matéria comercial, os presidentes se comprometeram a ampliar o universo de preferências tarifárias para incluir novas mercadorias agrícolas e industriais.
A partir de julho, os dois governos iniciarão negociações voltadas a ampliar seu regulamento de comércio bilateral, que agora envolve pouco mais de 800 produtos, para que possa superar os 6 mil.
Além disso, foi assinado um acordo de cooperação e facilitação de investimentos, o primeiro que o Brasil assina com um país da região.
Durante o almoço oferecido à Dilma, os dois líderes se referiram à nova etapa bilateral como uma forma de "reinventar a relação" entre Brasil e México.
"Nós temos símbolos em nossas culturas e, sem dúvida alguma, é um símbolo de alegria, de viver e de felicidade a tequila mexicana", assim como a "a cachaça, a caipirinha brasileira", disse Dilma antes de brindar com Peña Nieto.
Um acordo reconheceu a tequila e a cachaça como produtos diferenciados de México e Brasil.
A presidente Dilma, que compareceu durante a tarde a um seminário empresarial binacional, quer que o setor privado tenha um papel importante nesse novo momento das relações bilaterais.
O presidente mexicano tenta passar a imagem de um país com ambiciosas reformas estruturais, mas a economia não teve o impulso esperado -acaba de ser reduzida novamente a previsão de crescimento para 2015, entre 2,2% e 3,2%- e os graves problemas de violência continuam em destaque nas manchetes dos jornais.
Enquanto isso, Dilma continua pressionada pelo escândalo de corrupção da Petrobras e por uma economia em crise, que deve sofrer uma queda de 1,2% no PIB deste ano.
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