O lado íntimo e humano de Salvador Allende, incluindo suas infidelidades conjugais, está à mostra, junto com o lado político, no documentário lançado neste domingo em Cannes, sob a direção de Marcia Tambutti, neta do presidente chileno morto em 1973.
Com 98 minutos de duração, "Allende, mi abuelo Allende" é permeado por gravações, fotos e, sobretudo, testemunhos de familiares do primeiro presidente socialista do Chile.
Allende se suicidou no Palácio La Moneda, cercado pelo golpe militar que instaurou a ditadura de Augusto Pinochet.
O filme trata do delicado tema da infidelidade do carismático líder, suportada estoicamente por sua mulher, Hortensia.
Rodado durante três anos a partir de 2008, o filme conta com o relato da viúva, tratado com sensibilidade pela neta Marcia, filha de uma das três filhas de Salvador Allende.
"Ele gostava de flertar", desabafa a viúva, que, apesar de ter "sofrido muito", nunca se sentiu "uma vítima".
"Meu avô teve uma mulher paralela em cada campanha", disse Marcia, em entrevista à AFP após a estreia em Cannes.
"A ideia era contar algo que pudesse ressoar em qualquer pessoa e em qualquer família, porque todas as famílias têm um segredo, ou coisas das quais nunca falam e, um belo dia, de repente, alguém quer descobrir", explicou a diretora.
O documentário foi bem recebido no festival, arrancando calorosos aplausos do público.
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