O mesmo tribunal manteve as sentenças de morte decididas por uma instância inferior contra 14 pessoas, entre eles Salah Soltan, o pai de Mohhamed, e outro dirigente da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie; outras 36 pessoas, entre elas três jornalistas, foram condenadas à prisão perpétua. Nenhum dos réus estava presente quando o juiz Mohammed Nagi Shehata emitiu as sentenças.
O irmão de Mohammed Soltan, Omar, disse em entrevista pelo telefone que seu irmão está sendo mantido em isolamento em um hospital penitenciário, onde nem mesmo os carcereiros e guardas têm permissão de falar com ele. Seus únicos contatos com o mundo exterior são quando ele está no tribunal, dentro da jaula destinada aos réus; nessas ocasiões ele tem oportunidade para ver seu pai.
Segundo Omar, a condição de saúde de Mohammed está deteriorando rapidamente, por causa da greve de fome. Ele disse que Mohammed vem se recusando a ser examinado por médicos há dois meses, desde que seu pai foi transferido para uma prisão de segurança máxima. Salah tem diabetes e as autoridades carcerárias têm se negado a fornecer medicamentos a ele, disse Omar.
"As autoridades egípcias estão usando meu pai para pressionar Mohammed a encerrar sua greve de fome, mas ele continua se recusando", afirmou Omar. Ele acrescentou que a família pretende entrar com novos recursos contra as condenações.
A ditadura militar egípcia foi estabelecida em julho de 2013 com o golpe de Estado que derrubou o presidente Mohammed Morsi, que havia sido eleito depois da renúncia de Hosni Mubarak, que havia governado o país desde 1981. Morsi também era um dirigente da Irmandade Muçulmana, o maior partido político do Egito, agora na ilegalidade.
Em novembro do ano passado, o marechal El-Sisi emitiu um decreto que permite ao governo deportar estrangeiros acusados ou condenados por crimes.
Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, disse em comunicado que o governo dos EUA - o principal aliado da ditadura egípcia, a quem fornece US$ 15 bilhões anualmente em ajuda militar - está "profundamente decepcionado" com a decisão do tribunal. "Continuamos profundamente preocupados com a saúde e a detenção do sr. Soltan. Os Estados Unidos reiteram nosso pedido pela libertação do sr. Soltan em bases humanitárias e exortamos o governo do Egito a rever o veredicto".
Mohamed Elmessiry, investigador da Anistia Internacional no Egito, disse em entrevista por telefone que as decisões do tribunal são "politicamente motivadas". "Desde a derrubada de Morsi, o sistema judicial do Egito já provou que não é independente", acrescentou. Elmessiry também observou que os tribunais egípcios já emitiram centenas de sentenças de morte e de prisão perpétua, mas "por outro lado, não vimos nenhum oficial de segurança ser obrigado a prestar contas pela matança de manifestantes ou pela tortura ou morte de pessoas sob custódia".
O juiz Shehata é conhecido por emitir sentenças duras contra opositores do regime; no fim do ano passado, ele condenou três jornalistas da rede de televisão Al-Jazeera a penas de sete a dez anos de prisão. Fonte: Associated Press..