Jornal Estado de Minas

Ataque em universidade do Quênia deixa ao menos 70 estudantes mortos

AFP

Um grupo de islamitas somalis shebab atacou uma residência universitária no Quênia, em uma operação que deixou ao menos 70 estudantes mortos e que levou a uma tomada de reféns que se estendeu por 12 horas, terminando com a morte de quatro sequestradores.

"Contamos 500 estudantes (vivos), mas perdemos muitas vidas (...) cerca de 70", declarou o ministro do Interior, Joseph Nkaiserry, em Garissa, a 150 km da fronteira com a Somália.

Além disso, as forças de segurança quenianas mataram quatro criminosos e eliminaram "90% da ameaça", acrescentou o funcionário, mostrando-se prudente sobre eventuais criminosos ainda à solta.

Dezenas de pessoas ficaram feridas no ataque, que desencadeou uma feroz tomada de reféns na residência universitária, estendendo-se por mais de 12 horas.

Os criminosos entraram às 5H30 (23H30 de Brasília de quarta-feira) no campus da Universidade de Garissa, onde estudam centenas de jovens, disparando contra dois guardas na entrada principal.

Uma vez dentro do centro universitário, atiraram de maneira indiscriminada e depois entraram em vários edifícios.

"Acordamos com os sons das balas (...) ninguém sabia o que estava acontecendo, as mulheres gritavam e as pessoas corriam para salvar sua vida", disse Ungama John, um estudante da residência.

A Cruz Vermelha informou sobre 30 feridos internados no hospital, quatro deles em estado crítico, que foram levados de avião a Nairóbi, a 350 km. Segundo ela, a maioria das vítimas havia sido baleada.

Quênia em guerra com a Somália

A universidade localizada em Garissa, uma zona do nordeste do país, se localiza perto da porosa fronteira com a Somália, um país devastado pela guerra.

Um porta-voz dos shebab, Sheikh Ali Mohamud Rage, reivindicou a autoria do ataque em uma conversa com a AFP, alegando que "o Quênia está em guerra com a Somália" por ter realizado uma intervenção militar neste país contra bases islamitas.

O porta-voz shebab explicou que os criminosos, ao chegarem, "soltaram alguns, os muçulmanos, e eles alertaram o governo". "Os outros são mantidos reféns", acrescentou, informando que as vítimas eram cristãs.

As regiões do Quênia situadas na fronteira com a Somália (de 700 km) e, em particular, as áreas de Mandera e Wajir, assim como Garissa, são palcos frequentes de ataques islamitas.

Em 2014, ao menos 200 pessoas morreram e outras tantas ficaram feridas no Quênia em ataques reivindicados pelos shebab ou atribuídos a eles, de acordo com um balanço da AFP.

O ataque de maior impacto reivindicado pelos shebab somalis foi a invasão, em setembro de 2013, do shopping Westgate em Nairóbi, que terminou com 67 mortos.

Também executaram uma série de ataques violentos em localidades da costa queniana em junho e julho de 2014, onde pelo menos 96 pessoas foram executadas a sangue frio.

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