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Estado de Minas

Jovens de Gaza e da Cisjordânia buscam alternativas de diversão nos esportes radicais

Diante das restrições econômicas e territoriais, grupos se espelham em exemplos ocidentais bem distantes


postado em 30/03/2015 12:25 / atualizado em 30/03/2015 12:26

(foto: Tulio Santos/EM/D.A. Press)
(foto: Tulio Santos/EM/D.A. Press)
 

Cidade de Gaza/Ramallah (Palestina) – Em dados do ano passado do Bureau Central Palestino de Estatísticas, a média de idade nos territórios palestinos é jovem, 20 anos na Cisjordania e 18 em Gaza. Em Israel, chega a 29 anos, um a mais dos que os 28 da média mundial. Exposta ao conflito e à ocupação e, no caso de Gaza, a três guerras em curtos intervalos de tempo, a juventude palestina se vale da internet e está presente na rede, onde se informa e se organiza em práticas consideradas radicais no Ocidente e também pelos segmentos mais tradicionais da região.

 

Surfando em Gaza

Na praia, ao lado do cais da Cidade de Gaza, um grupo descontraído, se aquece com corridas, poses engraçadas e flexões. São integrantes do Clube de Surfe de Gaza (Gaza Surf Club), criado em 2008. Num cerco imposto por Israel que se arrasta desde 2007, eles aproveitam uma das raras opções de diversão ainda disponíveis aos palestinos em Gaza: o Mar Mediterrâneo.

“O swell deve entrar na próxima semana”, afirma o surfista Taha Baker, de 26 anos, usando a gíria que define as grandes ondas. “Hoje é só para molhar”, completa. Segundo Baker, o clube começou quando o skatista americano Matt Olsen, numa visita a Gaza, se sensibilizou com as dificuldades dos poucos surfistas locais e decidiu criar a organização. “Antes, surfávamos em pedaços de madeira. Os israelenses retinham pranchas doadas por estrangeiros. As primeiras que conseguimos receber eram compartilhadas por três ou quatro surfistas, que aguardavam a vez na areia”, explica.

Os jovens contam que treinam sozinhos, tentando pôr em prática o que assistem em vídeos do YouTube. “Nosso sonho é representar nosso país em campeonatos no exterior”, afirma Baker. Para o parceiro de esporte Mahmoud Aryeshi, de 25 anos, o surfe é importante, especialmente em Gaza. “No mar sentimos a liberdade, nos sentimos seguros. Não sentimos medo e esquecemos todos os problemas.” (TL)

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"No mar, sentimos a liberdade, nos sentimos seguros. Não sentimos medo e esquecemos todos os problemas", Mahmoud Aryeshi, surfista (foto: Tulio Santos/EM/D.A. Press )

O rapper inconformado

Em frente ao Monumento ao Soldado Desconhecido, na praça de mesmo nome, no Centro da Cidade de Gaza, o rapper palestino Sari Ibrahim, de 25 anos, conta um pouco sua história. No local, havia antes a estátua de um soldado apontando para Israel, prometendo retornar. Porém, após ter ser sido arrancada pelos israelenses, resta apenas um pedestal vazio. Sari começou cantando rap há oito anos, dois anos depois de ter sido alvejado por um atirador israelense por estar, desarmado, próximo à fronteira em Khan Younis. “Fui baleado no abdome e nas costas. Fiquei sangrando no local por 14 horas”, afirma sentado na cadeira de rodas.

Ibrahim afirma sofrer intimidação das autoridades do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, por causa de seu estilo de música. Há cerca de um ano, chegou a ser agredido. “É por querer mais direitos”, explica o jovem. Por conta disso, grava suas músicas em casa e disponibiliza seu trabalho na internet. “Aqui não há locais e não posso me apresentar.” (TL)

Um esporte em gestação

Numa praça em frente ao Centro Municipal de Cultura de Al-Bireh, na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, um grupo de oito skatistas chama a atenção dos moradores, errando e acertando manobras. A cena é inusitada, dado o número reduzido de praticantes nos territórios. A reunião foi organizada por dois skatistas ingleses, Phil Wright e Theo Krish, que filmam um documentário sobre o esporte na Palestina. Eles afirmam que ali se encontram “os melhores skatistas palestinos”. E dois deles, os primos George Kaileh, de 16 anos, e Salameh Kaileh, de 15, se destacam respectivamente como sendo o melhor e o segundo melhor skatista palestino. Junto ao amigo Amr Khoury, de 16, os três fazem da pequena cidade de Birzeit, onde moram, a capital não oficial do skate na Palestina.

George, que pratica há apenas dois anos, se sente um pioneiro. A atenção com as guias e linhas é interrompida apenas pelas visitas regulares aos diversos pontos de venda de falafel em Ramallah. Sobre o futuro do skate na Palestina, Salameh acredita que “a tendencia é crescer”. “Começamos como três, veja que já somos mais agora”, relata, apontando para a praça cheia. 


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