Ela considerava os empregados como pessoas "inferiores", afirmou a juíza Amanda Woodcock. No caso de Erwiana, recebia permissão "apenas para descansar, dormir e comer".
A jovem contou em uma audiência em dezembro que recebia pequenas porções de arroz e pão, dormia apenas quatro horas e que foi agredida de maneira tão violenta que chegou a perder a consciência. A promotoria explicou que a acusada usava cabides e vassouras como "armas" contra as empregadas.
A acusada, que tem dois filhos, foi considerada culpada de 18 das 20 acusações, incluindo agressão e ferimentos com agravante, ameaças e falta de pagamento de salários. "É lamentável que este tipo de comportamento seja frequente", afirmou o tribunal, que "poderia ser evitado se as empregadas não fossem obrigadas a viver na casa dos patrões".
A juíza pediu às autoridades de Hong Kong e da Indonésia a abertura de uma investigação sobre as condições de trabalho das empregadas domésticas estrangeiras que trabalham na ex-colônia britânica. Também criticou os valores "significativos" que as agências cobram das empregadas em seus países de origem e que são deduzidos de salários muito reduzidos.
Erwiana conseguiu fugir da casa em que trabalhava em janeiro de 2014, após oito meses de violência. Ela foi internada em estado grave em Sragen, na ilha indonésia de Java. O caso, de repercussão internacional, virou uma questão diplomática quando o ex-presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono a recebeu e prometeu justiça.
A jovem sofreu um calvário, mas os maus-tratos com empregadas não são raros em Hong Kong.