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Estado de Minas

Aceno ao diálogo na Coréia do Norte

Ditador norte-coreano Kim Jong-un expressa o desejo de conversar com a presidente sul-coreana, Park Geun-hye


postado em 02/01/2015 06:00 / atualizado em 02/01/2015 10:37

Pyongyang/Seul – O ditador norte-coreano, Kim Jong-Un, virou o ano mostrando disposição em dialogar com o governo da vizinha Coreia do Sul, em uma declaração que pode amenizar as profundas tensões entre os dois países. No tradicional discurso de ano-novo, televisionado para todo o país, Kim defendeu ser hora de “escrever um novo capítulo na história das relações entre o Norte e o Sul”. A mensagem seguiu uma proposta do Ministério da Unificação sul-coreano, tornada pública na última segunda-feira, para retomar conversas bilaterais ainda neste mês.

“Se as autoridades sul coreanas querem sinceramente melhorar as relações entre as Coreias do Norte e do Sul por meio de conversas, nós podemos retomar reuniões de alto nível estagnadas”, afirmou Kim, ao demonstrar o desejo de se encontrar pessoalmente com a presidente sul-coreana, Park Geun-hye. Ainda que a iniciativa tenha sido vista com esperança, não é a primeira vez que Pyongyang se mostra favorável às conversações – no passado, provocações militares frustraram a aproximação. Durante o discurso, o ditador de Pyongyang citou exercícios de guerra conjuntos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos como uma “fonte de intensas tensões” e destacou que eles “aumentam a ameaça de uma guerra nuclear”.

Desde a década de 1950, quando a tensão entre os dois países desencadeou um conflito armado de quase três anos, as Coreias vivem tecnicamente em estado de guerra, uma vez que concordaram com um armistício, mas jamais assinaram um acordo de paz. O discurso de ontem foi a terceira declaração de ano-novo feita por Kim, mas foi diferente das demais, por ocorrer após o luto de três anos estabelecido em homenagem ao pai e ex-líder do país, Kim Jong-Il, morto em 2011. Analistas internacionais acreditam que o fim do período de luto possa abrir espaço para decisões mais pessoais de Kim, que se sentiria mais à vontade para defender as próprias ideias.

O historiador chinês Yong Chen, especialista na relação entre as Coreias da Universidade Califórnia-Irvine, afirmou que a mudança na posição do governo de Pyongyang é resultado do crescente isolamento do ditador, que sofre com o crescente afastamento da China, um de seus principais aliados. “O principal interesse de Kim é obter alguns suprimentos, sem a necessidade de pagar por eles. Um processo de paz sério seria uma grande ameaça ao regime”, observa Chen. O especialista não esconde o ceticismo sobre as consequências da aproximação sinalizada pelo líder norte-coreano.

Seul interpretou o discurso do ditador como um gesto de abertura e classificou a disposição de Kim como um movimento significativo. “Nosso governo espera que as Coreias do Sul e do Norte retomem em breve o diálogo, sem formalismos. Consideramos que a mensagem de Kim é séria, pois mostra uma atitude positiva em relação a intercâmbios e a conversas entre os dois lados”, defendeu Ryoo Kihl-Jae, ministro de Unificação da Coreia do Sul, em entrevista concedida na tarde de ontem.

DIREITOS HUMANOS

Em seu discurso, Kim Jong-un enviou um recado a Washington, exigindo mudanças nas relações com os Estados Unidos. “Os EUA e seus seguidores estão fazendo uma algazarra desagradável sobre ‘direitos humanos’, uma vez que seus esquemas para destruir a nossa autodefesa nuclear e sufocar a nossa república, por meio da força, se tornaram irrealizáveis”, disse Kim. Um porta-voz do Departamento de Estado americano comentou o discurso, mas se limitou a declarar apoio “à melhoria das relações intercoreanas”.

Há cerca de duas semanas, o Conselho de Segurança da ONU manteve um encontro sem precedentes para discutir violações dos direitos humanos na Coreia do Norte, considerando o assunto uma ameaça à paz e à segurança mundiais. A reunião foi marcada após a divulgação de um relatório conduzido pela ONU e divulgado em fevereiro, que mostrou depoimentos sobre atrocidades cometidas no país. China e Rússia barraram a aplicação de sanções e o encaminhamento do caso para o Tribunal Penal Internacional (TPI).

A invasão dos servidores da Sony, responsável pela gravação do filme A entrevista, uma comédia envolvendo Kim Jong-un, contribuiu para aumentar as tensões. Os EUA acusam formalmente Pyongyang de roubarem e divulgarem dados privados e de ameaçarem ataques terroristas. A Sony calcula prejuízo de cerca de US$ 200 milhões em decorrência da ação. Pyongyang nega estar por trás do ataque cibernético.


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