O técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, afirmou nesta domingo que os escândalos que sacudiram recentemente o futebol do país dão uma "péssima imagem do esporte".
"Não é uma boa publicidade para o futebol, obviamente.
Como jogador, Deschamps levantou os principais troféus do futebol francês. Foi capitão do Olympique no único título de um clube do país na Liga dos Campeões, em 1993, e da seleção francesa nas conquistas da Copa do Mundo de 1998 e na Eurocopa de 2000.
Na semana passada, estouraram dois escândalos de corrupção no futebol francês, ambos com suposto envolvimento do crime organizado.
Na terça-feira, 15 dirigentes do Olympique de Marselha, clube mais popular do país, foram detidos, inclusive o presidente atual Vincent Labrune, e dois ex-presidentes, Pape Diouf (2005-2009) e Jean-Claude Dassier (2009-2011).
Eles são acusados de fraude em transferências de atletas realizadas nos últimos anos, com suspeita de "vínculo com o crime organizado". A investigação começou em 2011, num caso de "extorsão, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha".
Técnico rebate críticas
O próprio Deschamps, que foi técnico do Olympique de 2009 a 2012, chegou a ser alfinetado na quinta-feira por Dassier, que estava à frente do clube na época.
"Deschamps mandava na esfera esportiva, acho que seria bom se pudesse fornecer explicações sobre a maneira com a qual as coisas estavam acontecendo", sugeriu o cartola, que foi solto na quarta-feira.
"Dassier perdeu uma oportunidade de ficar calado. E nunca cuidei das transferências de jogadores. Eu fazia escolhas na medida do possível, quando o presidente deixava. Mas não tive conversas com nenhum intermediário, não era da minha responsabilidade", rebateu Deschamps.
Outro caso de grande repercussão diz respeito a acusações de manipulação de resultados de partidas da segunda divisão francesa.
No final da temporada passada, Caen e Nîmes empataram em 1 a 1, resultado que garantiu a volta do primeiro na elite e a permanência do segundo na segundona.
Os presidentes de ambos os clubes, Jean-François Fortin e Jean-Marc Conrad, foram indiciados.
O jornal Le Canard Enchainé publicou nesta semana transcrições de conversas telefônicas entre Fortin, Kasparian e Jean Marca Conrad, presidente do Nîmes, no dia da partida.
"Para você, é um ponto também?" - perguntou Fortin. "Sim, só falta um ponto, é isso aí" - respondeu Conrad. "Bom, então se não formos otários..." - concluiu o presidente do Caen.
A polícia judicial também investiga as partidas que o Nîmes disputou contra Dijon e Angers.
Como no caso do Olympique, o crime organizado tem uma ligação estreita com o futebol. Os trechos de conversa que incriminam os cartolas foram gravados em escutas numa investigação sobre lavagem de dinheiro da máfia corsa através de jogos de azar em Paris.
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