O presidente americano, Barack Obama, mostrará nesta quinta-feira suas cartas, ao apresentar um histórico pacote de medidas, que permitirão tirar da irregularidade quase metade dos 11 milhões de imigrantes em situação ilegal no país.
Os decretos que o chefe de Estado se propõe a anunciar poderão beneficiar, no curto prazo, cerca de cinco milhões de imigrantes em situação irregular, a maioria adultos com filhos americanos ou residência autorizada.
Obama decidiu assinar os decretos diante da incapacidade da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do Congresso, de discutir e votar um projeto de reforma migratória que foi aprovado em 2013 pelo Senado.
A adoção de uma ampla reforma de todo o sistema migratório foi uma promessa central na campanha de Obama para a sua reeleição, em 2012.
A proposta motivou na ocasião uma mobilização poucas vezes vista na comunidade hispânica nos Estados Unidos, que foi fundamental para Obama conquistar o segundo mandato.
- Beco sem saída -
Mas o caminho legislativo não teve nenhum resultado, como todas as outras tentativas similares feitas no país desde 1986, quando o então presidente republicano, Ronald Reagan, impulsionou a última grande onda de regularização de imigrantes não autorizados.
No começo deste ano, Obama tinha anunciado sua determinação de usar seus atributos como presidente do Executivo para assinar decretos, caso a Câmara dos Representantes não proceda a discutir e votar uma lei a respeito.
Inicialmente, ele adiou este momento para o fim do verão no hemisfério norte e depois decidiu deixar a assinatura para depois das eleições legislativas, celebradas em 4 de novembro.
Com a sólida vitória republicana, Obama se convenceu de que o Congresso não agiria e determinou a preparação dos decretos, para a ira dos líderes da oposição.
"Todo mundo está de acordo em que nosso sistema migratório falhou, infelizmente Washington permitiu que o problema se prolongasse por tempo demais", afirmou Obama em um discurso, publicado pela Casa Branca em sua página no site de relacionamentos Facebook.
- Reação enérgica -
Nesta quinta-feira, o líder do opositor Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell, fez um sério alerta a Obama: "(O presidente) deve entender algo.
Ted Cruz, outro senador republicano, disse que ao assinar os decretos, Obama "não estará agindo como um presidente, mas como um monarca".
"É cômico. É o mesmo Partido Republicano que se nega a apoiar uma reforma migratória desde 2006", respondeu o senador democrata Bob Menéndez (que, como Cruz, é de origem cubana).
A peruana Lenka Mendoza, que faz greve de fome há 18 dias em frente à Casa Branca para pedir uma solução para seu caso, disse à AFP que é necessário que Obama "assuma uma posição, ele é o presidente".
Diversas organizações de defesa dos direitos dos imigrantes apresentaram nesta quinta-feira ante a Casa Branca 260.000 petições lembrando a Obama a urgência de "manter sua promessa e usar sua autoridade legal" para fazer algo "grande".
Surpreendentemente, várias das principais emissoras americanas de TV (ABC, NBC e CBS) entraram em acordo para não transmitir ao vivo o discurso de Obama, previsto para as 01H00 GMT (23H00 de Brasília). A CNN confirmou a transmissão e a Fox News expressou a intenção de fazê-lo.
A rede de TV em espanhol Univisión já anunciou que a transmissão da cerimônia dos prêmios Grammy Latinos para a costa leste começará depois do discurso de Obama.
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