O governo alemão apresentou nesta quarta-feira um novo projeto de lei que prevê até três anos de prisão para atletas flagrados culpados de recorrer ao doping para melhorar seu desempenho.
"O objetivo desta lei é de preservar a integridade do esporte e lutar contra o doping. O texto que apresentamos é uma lei eficiente, concisa e clara, que mostra firmeza", declarou Thomas de Maizière, ministro do Interior, pasta que também abrange o esporte, em entrevista coletiva realizada em Berlim.
"O esporte na Alemanha tem um enorme significado social, é um carro-chefe da nossa imagem no mundo e os os atletas são espelhos, principalmente para os jovens, por isso existe um interesse público considerável em preservá-lo de evoluções ou influências negativas", explicou o ministro.
Já Heiko Maas, ministro da Justiça, ressaltou que o fato de prever penas de prisão para atletas dopados era "uma decisão importante".
"Queremos mostrar que o Estado não está disposto a deixar o doping prejudicar a imagem do esporte", afirmou.
A nova lei diz respeito apenas aos atletas de alto nível. O país tem cerca de 7.000 esportistas que constam nas listas da Agência Nacional Antidoping (Nada).
O projeto deve ser adotado na semana que vem depois de um debate no Parlamento. Além das penas de prisão, o artigo 4 do texto prevê multas e a confiscação de prêmios eventuais recebidos por resultados obtidos graças ao doping. A lei também tem como objetivo facilitar a troca de informações entre o ministério público, os tribunais e Agência Antidoping.
O presidente do Comitê Olímpico Alemão (DOFB), Alfons Hörmann, mostrou-se entusiasta com o projeto. "De forma geral, o que o governo apresentou vai exatamente na direção que desejamos", afirmou o dirigente em entrevista ao canal ARD.
Já Werner Franke, biologista conhecido pelo papel importante que desempenha na luta contra o doping, foi mais crítico em relação ao projeto, assim como Ines Geipel, presidente de uma associação de vítimas do doping.
"Sabemos que o doping é um sistema no qual existem muitos interesses em jogo, e escolhemos novamente punir a ovelha negra, com o atleta no papel do vilão", comentou Geipel em entrevista à rádio SWRinfo.
Além de ter conquistado o tetracampeonato na Copa do Mundo no Brasil, a Alemanha é uma potência olímpica, que terminou em sexto lugar do quadro de medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, com 44 medalhas, 11 delas de ouro. O Brasil levou menos da metade do total alemão, (17, apenas três de ouro).
