Jornal Estado de Minas

Australiano é primeiro condenado por pedofilia graças a menina virtual

AFP

Um pedófilo australiano preso graças a uma menina virtual criada por uma ONG para localizar criminosos sexuais que atuam na internet se tornou o primeiro condenado graças a esta iniciativa, informou a organização nesta quarta-feira.

O grupo holandês de defesa dos direitos humanos "Terre des Hommes" revelou em novembro passado o uso desta menor de idade criada por computador, de origem filipina e chamada "Sweetie", para pegar pedófilos em chats.

O primeiro sentenciado graças a esta iniciativa, Scott Robert Hansen, de 38 anos, foi condenado a dois anos de prisão, informou à AFP um porta-voz do tribunal, apesar de o tempo de prisão ter sido anulado em função dos 260 dias que o detido ficou sob custódia policial.

Além disso, foi condenado por violar as condições de sua liberdade provisória e por possuir material pedófilo.

Em um período de dez semanas, mais de 20.000 pessoas de 71 países entraram em contato com a menina virtual de 10 anos pedindo sexo através de uma câmera web, e mais de mil foram identificados em países como Austrália, Polônia e Estados Unidos.

A polícia federal australiana revistou o apartamento do suspeito depois de um encontro por webcam com "Sweetie", no qual se despediu e se masturbou, segundo o site News.com.au

O condenado se encontra entre os 46 australianos descobertos graças a esta operação, explicou à AFP um porta-voz da ONG com sede em Jacarta, Leny Kling, que anunciou mais condenações em breve.

Ponta do iceberg

A Terre des Hommes explicou que sua equipe se limitou a esperar que os pedófilos entrassem em contato com a suposta menor, sem tomar a iniciativa.

"Colocar-se na pele de uma menina filipina de dez anos e ver o que certos homens querem de você, os pedidos e os gestos realmente obscenos que fazem foi uma experiência chocante para os investigadores", explicou a ONG.

Com esta iniciativa, a ONG pretende expor o turismo sexual virtual, uma forma de exploração infantil que afeta milhares de crianças nas Filipinas, Camboja e Tailândia.

A porta-voz da organização mostrou-se revoltada com o número reduzido de prisões nos últimos anos por causa desse tipo de delito sexual, pouco mais que meia dúzia, segundo a ONG.

A Terre des Hommes afirma que, se sozinha, conseguiu identificar mais de mil suspeitos de pedofilia em tão pouco tempo, então as autoridades deveriam ter a disposição de identificar muitos mais.

"O que queremos é provar que isso é apenas a ponta do iceberg", observou Kling.

Durante a apresentação do projeto no ano passado, a ONG estima, citando cifras das Nações Unidas, que apenas em um mês cerca de 750.000 pedófilos poderiam estar simultaneamente conectados em busca de presas infantis na internet.

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