O presidente fez estes anúncios à tv ucraniana no sábado à noite, depois de ter se reunido na sexta-feira em Milão com Putin e com os principais líderes da União Europeia. Poroshenko explicou que neste inverno "a Ucrânia terá gás, e terá calefação" graças a um acordo sobre o preço provisório do gás russo.
Ele disse que o acordo é "somente para o inverno", e que o preço será de 385 dólares por mil metros cúbicos, quando o atual é de 485 dólares. Depois do encontro em Milão, Putin falou de "avanços" e de um "acordo sobre as condições de retomada do fornecimento de gás" à Ucrânia, "pelo menos durante o inverno".
Divergências sobre a dívida
O porta-voz do empresa russo de energia Gazprom, Serguei Kuprianov, confirmou que há um acordo inicial sobre a retomada do fornecimento à Ucrânia, mas que precisa ser formalizado. "Depende de outros fatores, incluindo o pagamento da dívida pela Ucrânia", declarou Kuprianov à AFP.
Putin disse na sexta-feira que a Ucrânia deve à Gazprom 4,5 bilhões de dólares. Kiev contestou o valor na Corte de Arbitragem de Estocolmo. O porta-voz informou que a questão do abastecimento e da dívida ucraniana será discutida na terça-feira em Bruxelas, em uma reunião ministerial.
Para o verão, quando a demanda é menor, Kiev deseja um preço de 325 dólares por 1.000 m3, mas a proposta foi rejeitada por Moscou.
Moscou propõe há algum tempo o preço de 385 dólares por 1.000 metros cúbicos, mas a Ucrânia rejeita uma redução unilateral e pede um novo contrato comercial. O ministro ucraniano de Energia, Yuri Prodan, afirmou no sábado que Moscou continua se negando a alterar o contrato comercial entre a Gazprom e a distribuidora ucraniana Naftogaz.
O embate preocupa a UE, que teme que seu abastecimento seja afetado em pleno inverno, caso a Ucrânia fique com o gás russo que passa pelo seu território para enfrentar uma eventual escassez. No que se refere ao conflito no leste da Ucrânia, Poroshenko anunciou um acordo com a Rússia com o objetivo de restabelecer o controle total da fronteira pelos guardas ucranianos, que têm tido seu trabalho impossibilitado nas áreas controladas pelos separatistas pró-russos.
Na segunda e na terça-feira, serão feitas consultas entre representantes das guardas de fronteira dos dois países. O presidente Poroshenko, que durante a campanha que o levou ao comando do país em junho prometeu restabelecer a paz no leste e normalizar as relações com a Rússia, está atualmente envolvido nas eleições legislativas antecipadas do próximo domingo, convocadas para consolidar seu poder com uma câmara pró-ocidental..