A estudante paquistanesa Malala Yousafzai e o indiano Kailash Satyarthi, ativista pelos direitos das crianças, são os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz deste ano, por seus esforços contra o extremismo e pela educação. Em comunicado, o comitê do prêmio afirmou que os dois foram reconhecidos "por sua luta contra a opressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação". A adolescente paquistanesa é a mais jovem a receber o prêmio na história.
"As crianças devem frequentar a escola e não ser exploradas financeiramente", afirmou o presidente do Comitê Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland.
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A escolha do comitê norueguês tem uma importância particular após o sequestro de 276 alunas de uma escola na Nigéria, em 14 de abril, pelo movimento islamita Boko Haram, cujo nome significa "a educação ocidental é um pecado". O episódio comoveu o mundo e gerou uma grande movimento com o lema "Bring back our girls" ("Tragam de volta nossas meninas"), que contou com a participação de Malala, ao lado de celebridades como Hillary Clinton.
O comitê do Nobel da Paz, formado por cinco integrantes, fez sua escolha a partir de um número recorde de 278 candidatos que incluíam o ex-funcionário da CIA Edward Snowden e o papa Francisco. Nos últimos anos, o comitê foi criticado por conceder o Nobel para a União Europeia, em 2012, e ao presidente dos EUA, Barack Obama, em 2009, mas o prêmio de 8 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,1 milhão) ainda é considerado uma das maiorias honrarias do mundo.
Reconhecimento
O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, afirmou que Malala Yousafzai é o "orgulho do Paquistão".Malala, que tem 17 anos, é a vencedora mais jovem da história do prêmio.
"Apesar da juventude, Malala mostra, dando o exemplo, que as crianças e jovens também contribuir para melhorar sua própria situação", afirmou Jagland.
A adolescente recebeu o prêmio ao lado do indiano Kailash Satyarthi, de 60 anos. Satyarthi afirmou que o prêmio é um reconhecimento ao combate pelos direitos das crianças."Agradeço ao comitê Nobel por este reconhecimento do sofrimento de milhões de crianças", disse o premiado. O ganhador afirmou ainda que estava "encantado" com a notícia, segundo a agência Press Trust of India (PTI).
O ativista, muito discreto e desconhecido por muitos inclusive na Índia, lidera a organização Global March Against Child Labor (Marcha Global contra o Trabalho Infantil), um conjunto de 2.000 grupos sociais presente em 140 países. Satyarthi já ajudou dezenas de milhares de crianças que eram tratadas como escravas a recuperar a liberdade. Ele atribuiu sua vitória à "viva e vibrante" democracia da Índia."Algo que nasceu na Índia cresceu e agora é um movimento mundial contra o trabalho infantil", declarou."Depois de receber este prêmio, sinto que as pessoas prestarão mais atenção à causa das crianças no mundo".
A diretora geral da Unesco, Irina Bokova, felicitou Malala e Satyarthi pelo Nobel da Paz, ao afirmar que ambos são "fervorosos defensores da educação".
Os 10 últimos vencedores do Prêmio Nobel da Paz
2014: Malala Yousafzai (Paquistão) e Kailash Satyarthi (Índia), "pela luta contra a exploração das crianças e jovens e a favor do direito de todas as crianças à educação".
2013: Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), pelos esforços para livrar o planeta destas armas de destruição em massa.
2012: União Europeia (UE), pela contribuição para pacificar um continente devastado por duas guerras mundiais.
2011: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee (Libéria) e Tawakkol Karman (Iêmen), por sua luta não violenta a favor da segurança das mulheres e seus direitos de participar nos processos de paz.
2010: Liu Xiaobo (China), dissidente detido, "por seus esforços duradouros e não violentos a favor dos direitos humanos na China".
2009: Barack Obama (Estados Unidos) "por seus esforços extraordinários com o objetivo de reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos".
2008: Martti Ahtisaari (Finlândia) por numerosas mediações de paz em todo o mundo.
2007: Al Gore (Estados Unidos) e o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, pelos esforços para aumentar o conhecimento sobre o aquecimento global.
2006: Muhammad Yunus (Bangladesh) e seu banco especializado em microcrédito, o Grameen Bank, porque "uma paz duradoura não pode ser obtida sem que uma parte importante da população encontre uma maneira de sair da pobreza".
2005: A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e seu diretor Mohamed ElBaradei (Egito), pela luta contra a proliferação das armas nucleares.
Com agências