O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, confirmou a autenticidade da gravação, que mostra o refém, Hervé Pierre Gourdel, pedindo ao presidente francês que o tire desta situação. Gourdel aparece sentado no chão cercado por dois homens mascarados e armados com fuzis.
No vídeo, o grupo jihadista argelino Jund al-Khilafa, que jurou fidelidade ao EI, reivindica o sequestro do francês, levado na noite de domingo na região de Tizi Ouzou, 110 km a leste de Argel, segundo as autoridades francesas e argelinas.
"Deixo para Hollande, o presidente do Estado francês criminoso, a iniciativa de interromper os ataques contra o Estado Islâmico nas 24 horas depois da divulgação deste comunicado ou seu compatriota Hervé Gourdel será degolado", afirma um dos homens armados.
O refém, que havia chegado à Argélia no sábado, declara que é um guia de montanhas originário de Nice, no sul da França. O Ministério argelino do Interior explicou que o francês havia sido sequestrado por homens armados que interceptaram o veículo em que ele estava.
Depois do anúncio do sequestro, o presidente François Hollande entrou em contato com o primeiro-ministro argelino, Abdelmalek Sellal. "A cooperação é total entre a França e a Argélia em todos os níveis para tentarmos (...) libertar nosso compatriota", afirmou a Presidência francesa. A França é até o momento o único país, além dos Estados Unidos, a ter bombardeado posições do EI no Iraque.
Na Síria, o avanço do EI em uma região próxima à Turquia levou mais de 130.000 sírios, principalmente curdos, a buscar refúgio do outro lado da fronteira.
'Franceses perversos'
Em uma mensagem divulgada na manhã desta segunda-feira em várias línguas, o EI fez aos seus fiéis um apelo pelo assassinato de cidadãos de cerca de quarenta países que se uniram para "destruir" o grupo, nas palavras do presidente americano, Barack Obama.
"Se vocês puderem matar um infiel americano ou europeu - principalmente os franceses perversos e sujos - ou um australiano ou um canadense, ou qualquer (...) cidadão dos países envolvidos em uma coalizão contra o Estado Islâmico, confiem em Alá e matem-no, não importa de que forma", declarou Abu Mohammed al-Adnani, porta-voz do EI.
Frente a esta ameaça, Paris pediu "prudência máxima" a seus cidadãos que vivem em cerca de trinta países - principalmente do Magreb, do Oriente Médio e da África - ou que precisem viajar para essas regiões. Pouco antes, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, havia afirmado que a França "não tem medo", acrescentando: As ameaças dos jihadistas "não mudarão em nada a nossa determinação de acabar com seus abusos".
No Iraque, os jihadistas atacaram no domingo uma base do Exército, a oeste de Bagdá, onde mataram 40 soldados e capturaram 70, indicou nesta segunda um oficial iraquiano.
Êxodo para a Turquia
Enquanto isso, na Síria - onde o EI invadiu pelo menos 64 aldeias da região de Ain al-Arab (Kobané em curdo) na semana passada -, os moradores continuam fugindo para a Turquia.
Os jihadistas querem tomar Ain al-Arab, terceira maior cidade curda da Síria, para conquistar o controle total de uma extensa faixa na fronteira sírio-turca. Mas seu avanço foi contido nesta segunda-feira por combatentes curdos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
O vice-primeiro ministro turco, Numan Kurtulmus, anunciou que o número de sírios que fugiram para a Turquia superou os 130.000 e afirmou que seu país "tomou todas as medidas necessárias para uma chegada de deslocados".
Confirmando esse número, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) indicou que os deslocados se refugiaram em várias cidades do sudeste da Turquia, passando por nove postos de fronteira.
Diante do avanço jihadista no nordeste da Síria, o líder da Coalizão Nacional Opositora síria, Hadi al-Bahra, pediu que a comunidade internacional realize ataques aéreos "imediatamente". "Atacar os jihadistas do EI apenas no Iraque não vai adiantar, se eles continuarem atuando, se reunindo e treinando na Síria", insistiu.
De acordo com o OSDH, sírios não-curdos se juntaram aos combatentes curdos para defender Ain al-Arab. Na localidade turca de Suruç, perto da fronteira, houve confrontos entre as forças de segurança e centenas de manifestantes curdos que protestavam contra a recusa das autoridades em deixá-los ir para a Síria para combater ao lado de seus compatriotas a pedido o movimento armado curdo turco PKK..