Enquanto a declaração da rainha agradou os que defendem a manutenção da união entre os países, o primeiro-ministro prometeu que, caso a maioria vote contra a independência, será imediatamente colocado em prática um programa de devolução de poderes ao parlamento escocês “sem precedentes na história”, que incluirá mais autonomia sobre impostos, gastos e serviços públicos. De acordo com ele, um calendário já foi acordado entre os principais partidos políticos e, em caso de permanência da Escócia no Reino Unido, será transformado em projeto de lei em janeiro. “Estou preparado para trabalhar com os partidos para garantir isso em 2015”, afirmou.
Já o primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, se reuniu hoje com empresários em Edimburgo, capital escocesa, para defender a independência do país. Em entrevista à imprensa, no Aeroporto de Edimburgo, ele disse que mais de 3 mil empreendedores escoceses apoiam a separação e que o primeiro-ministro inglês está pressionando empresas a se posicionarem contra a independência.
Salmond disse concordar com Cameron que esta é uma oportunidade única e que não há caminho de volta. “Mais e mais pessoas na Escócia querem colocar o futuro do país em mãos escocesas”, enfatizou.
Uma série de pesquisas de opinião divulgadas no último fim de semana mostram equilíbrio entre as duas campanhas.
Sobre o referendo, a Escócia decidirá na próxima quinta-feira (18) se deve ser um estado independente ou continuar a ser parte integrante do Reino Unido. Cidadãos escoceses vão às urnas responder a pergunta: “A Escócia deve se tornar um país independente?”. Os eleitores devem escolher entre sim e não.
Este será o maior referendo da história do país. Mais de 4,29 milhões de escoceses com 16 anos ou mais se registraram para participar do processo, o que representa 97% da população adulta do país.
O referendo foi acordado entre o governo escocês e o governo britânico em 2012, depois que o Partido Nacional Escocês, que lidera a campanha pela independência da nação, ganhou com assombrosa maioria as eleições parlamentares de 2011. Desde então, várias campanhas de ambos os lados foram lançadas sendo as principais a Yes Scotland, lançada em 25 de maio, a favor da independência, e a Better Together, anunciada em 25 de junho, contra a separação.
Depois da consulta à população, se a maioria decidir pela independência da Escócia, ela deve ser declarada em 24 de março de 2016. Antes disso, serão negociados com o governo britânico os termos da separação. A Escócia terá que buscar seu espaço no cenário internacional, junto à União Europeia e à Organização das Nações Unidas.
Na economia, há indícios de que grandes companhias, bancos e investidores ameacem deixar o país por conta da instabilidade do processo de separação.
O governo escocês diz que quer manter a libra esterlina como moeda corrente, mas há resistência dos três principais partidos políticos do Reino Unido – Conservador, Trabalhista e Liberal Democrata. Outras opções seriam a adoção do euro, que demandaria uma longa negociação com Bruxelas, ou a criação de uma moeda própria, o que, segundo economistas, poderia ser muito oneroso.
Na política, a perda da Escócia a oito meses das eleições poderia gerar consequências graves para o primeiro-ministro britânico David Cameron. Cogita-se, inclusive, sua saída do poder. Há possibilidade de que o processo eleitoral, marcado para maio de 2015, seja cancelado. Além disso, o sucesso do pleito escocês poderia gerar novas demandas por separação.
(Com Agência Brasil).