Indígenas paraguaios da comunidade Aché-guayakí advertiram nesta terça-feira que atacarão com arcos e flechas os camponeses que entrarem em suas terras com o objetivo de desmatar para vender árvores e plantar maconha.
O chefe indígena do departamento de Canindeyú, 400 km a nordeste de Assunção, explicou à AFP que os líderes da comunidade haviam alertado as autoridades da capital para que evitassem a invasão de sua terra, com uma superfície estimada em cerca de 6.400 hectares.
"É a última advertência que fazemos para que saibam da gravidade da situação", disse o cacique da região, Martín Achipurangi - conhecido como Kuetuvi -, em uma entrevista por telefone concedida à AFP.
O líder indígena disse que um emissário tinha sido enviado a Assunção para conversar com autoridades do Ministério do Interior.
"Aqui não dão atenção a nós, nem a Procuradoria nem a Polícia", lamentou.
Em sua propriedade vivem cerca de 60 famílias, mais de 300 pessoas, que se dedicam ao cultivo de produtos de alimentação básica, à caça e à pesca.
A ONG internacional World Wildlife Fund enviou técnicos há uma semana para realizar um levantamento da reserva indígena e encontraram cultivos de maconha, restos de carvão e pedaços de madeira, provavelmente deixados por caminhões que carregavam toras.
"Estamos dando um prazo de três semanas para que as autoridades ajam.
O cacique ordenou que os homens fabriquem arcos e flechas, inclusive para crianças. "Não podemos tolerar mais esta situação", disse.
Os aché-guayakí foram os últimos indígenas a deixar a selva entre os anos 60 e 70, na leste do Paraguai.
Grande parte de sua população morreu vítima de epidemias e assassinatos e hoje restam apenas cerca de 2.000 pessoas.
.