As operações da rede Al-Qaeda são financiadas em grande parte graças ao pagamento de resgate de pessoas sequestradas, o que soma ao menos 125 milhões de dólares desde 2008, em sua maioria um dinheiro desembolsado pelos governo europeus, informou o jornal The New York Times.
Apenas em 2013, o pagamento de resgate totalizou 66 milhões de dólares, segundo a pesquisa realizada pelo jornal.
Apesar de a Al-Qaeda ser inicialmente financiada por grandes doadores, "o sequestro em troca de resgate se converteu na fonte mais importante de financiamento do terrorismo", afirmou David S.
A organização já reconheceu abertamente esta tática, segundo a publicação.
"Sequestrar é um dinheiro fácil, que pode ser descrito como um negócio rentável e um tesouro precioso", escreveu Nasser al Wuhayshi, o líder da Al-Qaeda para a península arábica.
Al Wuhayshi assinalou que o dinheiro dos resgates - que em casos recentes alcançaram 10 milhões de dólares por vítima - representa até a metade de seu orçamento.
O jornal detalhou que mais de 90 milhões de dólares foram pagos desde 2008 no Magreb Islâmico pela Suíça, Espanha, Áustria, uma quantia controlada pelo Estado francês e outros pagamentos de fontes não determinadas.
Os insurgentes somalis shebab receberam 5,1 milhões da Espanha, enquanto que a Al-Qaeda na península arábica recebeu cerca de 30 milhões em dois pagamentos, um do Catar e Omã e outro de origem não informada.
Áustria, França, Alemanha, Itália e Suíça sempre negaram ter pagado resgates por sequestrados.
No entanto, um ex-alto dirigente da inteligência francesa declarou no ano passado à AFP, sob condição de anonimato, que "os governos e as empresas pagam em quase todos os casos".
Citando ex-sequestrados, negociadores, diplomatas e altos funcionários de 10 países europeus, africanos e do Oriente Médio, o NY Times assinala que muitas vezes os resgates são camuflados como ajuda para o desenvolvimento.
"Os países europeus pagam resgates e depois negam, uma política que nos torna vulneráveis a todos", criticou Vicki Huddleston, ex-embaixadora americana no Mali em 2003, falando ao Times.
Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha se negam a pagar pela libertação de reféns, destacou o jornal, com o resultado de que poucas pessoas tenham sido resgatadas em operações militares ou tenham conseguido escapar.
.