Jornal Estado de Minas

Israelenses apoiam ofensiva de seu exército em Gaza

AFP

Israel, que com meia centena de soldados mortos na ofensiva em Gaza sofre suas piores perdas desde 2006, conta com o apoio da população para prosseguir com a operação, apesar dos apelos internacionais por uma trégua.

"Apertamos os dentes e lutamos!", proclamava na terça-feira a primeira página do jornal gratuito pró-governamental Israel Hayom, com os retratos de cinco jovens soldados mortos na véspera em combate.

Com 53 militares mortos desde o início da incursão terrestre em Gaza, no dia 17 de julho, Tsahal (acrônimo de exército em hebraico) sofre suas maiores perdas desde o conflito de 2006 entre Israel e o Hezbollah libanês.

Familiares e amigos, assim como milhares de anônimos, participam diariamente em todo o país dos funerais dos soldados, alguns transmitidos ao vivo pela televisão.

Este conflito também é uma guerra de imagem e as Brigadas Ezzedim al-Qasam, o braço armado do movimento islamita Hamas, publicaram na terça-feira um vídeo mostrando um ataque através de um túnel na segunda-feira contra uma torre de vigilância do exército no sul de Israel, que deixou cinco israelenses mortos: https://www.youtube.com/watch?v=5NAhozItSq0#t=75

Mas em Israel a atmosfera de luto é acompanhada por uma enérgica mobilização patriótica para apoiar os soldados e reservistas mobilizados no front.

Multiplicam-se as iniciativas para cuidar das "crianças do país" (as tropas), como a entrega de comida e de roupas de substituição para o front ou show organizados por astros locais para os feridos.

"Temos que nos preparar para uma longa campanha até termos cumprido com nossa missão", afirmou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

"Não terminaremos esta operação sem ter neutralizado os túneis" que servem para o Hamas lançar operações atrás das linhas israelenses, insistiu.

Mudança de estratégia

No entanto, o objetivo declarado de conquistar uma desmilitarização de Gaza e de destruir o arsenal de foguetes e túneis de ataque do Hamas está longe de ser alcançado. Diariamente ocorrem infiltrações palestinas em Israel.

Diante da nova capacidade operacional do Hamas, a opinião pública israelense parece convencida da necessidade de seguir adiante com as operações militares.

Uma esmagadora maioria (86,5%) dos israelenses são contrários à trégua, segundo uma pesquisa publicada na terça-feira pelo jornal Maariv.

Os opositores à guerra conseguiram reunir milhares de pessoas no último sábado em uma manifestação, a maior desde o início da ofensiva, mas são muito minoritários.

"Acredito que nos próximos dias, se não observarmos uma solução política, o exército terá que mudar de estratégia e avançar ao interior da Faixa de Gaza para aumentar a pressão sobre o Hamas", afirma um ex-chefe dos serviços de inteligência militar, o general Israel Ziv.

Mas avançar até onde? A que preço?, se pergunta o articulista do jornal Yediot Aharonot, Nahum Barnéa. Segundo ele, Israel entrou em uma guerra que não queria e agora se deixa atrair "a cada dia um pouco mais em direção aos combates de Gaza".

O exército israelense afirmou ter matado mais de 300 combatentes do Hamas e atacado 3.900 instalações terroristas desde o início do conflito. Mas nenhum chefe importante das Brigadas Ezzdim al-Qassam, que reivindica ter 20.000 combatentes, parece ter sido eliminado.

O grande medo dos comentaristas israelenses é a perspectiva de um confronto sangrento por nada.

Para Ben Caspit, articulista do Maariv, o golpe contra o Hamas não é suficiente e as dilações do governo de Netanyahu diante da comunidade internacional, que pressiona para um cessar-fogo duradouro, estão se "convertendo em uma brincadeira".

Nos últimos dias, vários anúncios de trégua não permitiram colocar fim às hostilidades que já deixaram ao menos 1.296 mortos e 7.200 feridos palestinos em Gaza desde 8 de julho.

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