Jornal Estado de Minas

Após premiê falar em guerra prolongada, Israel amplia ataques contra Faixa de Gaza

Em 22 dias, a ofensiva de Israel matou 1.104 palestinos - mais de 70% civis - e deixou cerca de 6.200 feridos

AFP

Os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza mataram dezessete palestinos nas primeiras horas desta terça-feira, incluindo oito mulheres e quatro crianças, após uma segunda-feira particularmente sangrenta no conflito com o movimento islâmico Hamas.


A nova ofensiva acontece horas depois de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acabar com as expectativas de cessar-fogo entre o país e a Palestina. Em pronunciamento na televisão nesta segunda-feira, o chefe de Estado anunciou  que a guerra na Faixa de Gaza será longa. O premiê disse ainda que a desmilitarização de Gaza deve integrar qualquer acordo futuro para o território.

"Sete pessoas, sendo cinco mulheres e uma criança, foram mortas em um bombardeio que destruiu um prédio de três andares em Rafah", no sul da Faixa de Gaza, informou nesta terça-feira Ashraf al-Qudra, porta-voz dos serviços de emergência.

No campo de refugiados de Bureij, no centro da Faixa de Gaza, disparos da artilharia de Israel mataram mais seis palestinos, "incluindo três crianças e duas mulheres, e outras 15 pessoas ficaram feridas" na manhã de terça.

Segundo Al-Qudra, que não precisou onde ocorreram quatro mortes, 17 palestinos, incluindo oito mulheres e quatro crianças, faleceram vítimas dos disparos de artilharia contra Rafah e dos ataques aéreos contra Bureij.

A aviação israelense também bombardeou na manhã desta terça a casa de Ismail Haniyeh, líder do Hamas na Faixa de Gaza, situada no campo de refugiados de Shatti, no noroeste do território palestino, informou a família do dirigente. "O inimigo israelense bombardeou nossa casa em dois ataques", declarou Abed Salam Haniyeh, filho do dirigente do Hamas.

- Segunda-feira sangrenta -

Israel e o Hamas retomaram os combates na segunda-feira, quando 47 corpos deram entrada nos necrotérios da Faixa de Gaza: 31 palestinos mortos nos bombardeios e 12 retirados de escombros. Outros quatro palestinos faleceram no hospital após seu resgate de escombros.

No início da noite de segunda, cinco combatentes palestinos, que tinham se infiltrado no sul de Israel, foram mortos nas imediações do kibutz de Nahal Oz, perto da fronteira. O Hamas reivindicou a autoria de uma operação na área afirmando ter matado "mais de dez soldados". Ainda na segunda, oito crianças e dois adultos morreram no campo de refugiados de Shatti.

Ambos os lados do conflito trocam acusações, mais uma vez, sobre a responsabilidade no episódio.

Segundo testemunhas, caças israelenses F-16 lançaram cinco mísseis sobre um grupo de crianças. Já o Exército de Israel garante que se trata de disparos de foguetes lançados pelo Hamas. Israel também intensificou seus ataques contra a cidade de Gaza, especialmente sobre o bairro da Universidade Islâmica, constatou a AFP.

Por volta das 19H15 (13H15 Brasília), Israel conclamou a população civil a abandonar a periferia da cidade de Gaza "imediatamente", antecipando os bombardeios. O hospital Shifa - o maior do enclave palestino e que vinha sendo poupado da violência - foi sacudido por uma explosão, mas ninguém ficou ferido.

Cinco pessoas, entre elas três crianças, morreram atingidas por disparos de artilharia que destruíram uma casa em Jabaliya (norte); e outra criança, de quatro anos, morreu ao ser atingida por um disparo de tanque na mesma cidade. Além disso, outro palestino perdeu a vida no centro do enclave e outros quatro, em Khan Yunis (sul).

Israel também sofreu baixas na segunda-feira. Quatro militares - tripulantes de tanque - foram mortos por um tiro de morteiro ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, e outro soldado caiu em combate no território palestino. Já o Exército hebreu já perdeu 48 soldados, o maior número de baixas desde a guerra contra o Hezbollah libanês, em 2006. Três civis israelenses foram mortos por disparos de foguetes da Faixa de Gaza.

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