O movimento islamita Hamas, acusado por Israel de ter matado três jovens israelenses, está mais isolado e enfraquecido do que antes de se reconciliar com o presidente palestino, Mahmud Abbas, e abandonar oficialmente o poder em Gaza, segundo especialistas. "O Hamas é o responsável e o Hamas pagará", afirmou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, depois de encontrar na noite de segunda-feira os corpos dos três jovens sequestrados no dia 12 de junho.
O movimento radical palestino negou estar envolvido no sequestro, mas manifestou apoio a qualquer ato de resistência contra a ocupação israelense e prometeu a Israel que, "se o país iniciar uma guerra ou uma escalada, abrirá as portas do inferno". Para Ghazi Hamad, um dos líderes do Hamas, "são analisadas todas as possibilidades e o Hamas leva a sério as ameaças de Israel, mas não está buscando o confronto". "A descoberta dos corpos comoveu Israel e revelou uma falha. Por isso, Israel quer se vingar e fazer o Hamas pagar o preço, seja qual for sua responsabilidade", declarou à AFP.
Desde o sequestro, o Exército israelense matou cinco palestinos durante sua operação de busca dos jovens na Cisjordânia e prendeu outros 420, 305 dos quais integrantes do Hamas. Mais de 2.200 casas foram vasculhadas. No entanto, ao ter desmentido ser responsável pelo sequestro dos jovens, o Hamas poderá atenuar o impacto da ação israelense, estimou Walid al-Muadallal, professor de Ciência Política da Universidade Islâmica de Gaza. "Mas o Hamas não ficará imóvel se o atacarem.
Acordo com Abbas após um ano difícil
Após um ano difícil, em consequência da deposição do presidente islâmico egípcio, Mohamed Mursi, em julho de 2013, o "Hamas depositava suas esperanças no governo palestino de reconciliação e em sua crescente proximidade com o Ocidente e com o mundo árabe, principalmente o Egito", considerou Alex Fishman, correspondente militar do jornal israelense Yediot Aharonot.
O Hamas renunciou oficialmente ao poder na Faixa de Gaza após um acordo com a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), do presidente Mahmud Abbas, e a formação de um governo de união para Gaza e Cisjordânia composto por personalidades independentes no dia 2 de junho.
Fishman ressaltou algumas das consequências desse acordo para o movimento islamita, que já estava debilitado pelo bloqueio israelense de Gaza e o fechamento da fronteira com o Egito, como a demissão de 40.000 funcionários do Hamas, que ficaram sem emprego e salário.
Os comentaristas consideram que o Hamas aceitou as condições de Abbas para alcançar um acordo, que previa o abandono do poder em Gaza, com o objetivo de garantir sua sobrevivência no longo prazo. No entanto, um líder do Hamas, Musa Abu Marzuk, acusou Abbas de ter abandonado a Faixa de Gaza.
"Hoje em dia, temo que seja necessário que o Hamas volte a proteger a segurança de seu povo", escreveu no Facebook. "Gaza não vai viver no vazio. Neste momento não está sob a responsabilidade do governo anterior, nem sob a responsabilidade do governo de união nacional", acrescentou. Abbas "não quer se reconciliar. Embora tenhamos lhe dado Gaza, ele não a tomará", garantiu..