Os três jovens israelenses sequestrados no último dia 12 e encontrados mortos no sul da Cisjordânia foram "assassinados a sangue frio", afirmou nesta segunda-feira o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que prometeu fazer o movimento islâmico Hamas pagar pelo crime.
As vítimas, Eyal Yifrach, 19, Naftali Frenkel, 16, e Gilad Shaer, 16, eram alunos de escolas religiosas judaicas.
"Por volta das 17h locais, o Exército israelense encontrou os três corpos na nossa área de buscas, no noroeste do distrito de Hebron", declarou o tenente-coronel Peter Lerner.
Os corpos serão submetidos a uma autópsia para confirmar sua identidade e a data da morte, que pode ter ocorrido logo após o sequestro, segundo a imprensa israelense.
"Foram sequestrados e assassinados a sangue frio por animais em forma de seres humanos", declarou Netanyahu. "O Hamas é responsável, e o Hamas pagará."
O movimento islâmico, que negou envolvimento no sequestro, embora não o tenha condenado, prometeu a Israel "as portas do inferno" em caso de ofensiva militar.
"Se os ocupantes se lançarem em uma escalada ou guerra, abrirão para si mesmos as portas do inferno", declarou o porta-voz do Hamas em Gaza Sami Abu Zuhri, que colocou em dúvida a "versão israelense" do sequestro.
Na madrugada desta terça-feira, a aviação de Israel bombardeou violentamente mais de 30 objetivos na Faixa de Gaza, principalmente campos de treinamento de grupos armados palestinos, observou a AFP.
Os caças F-16 israelenses atingiram posições do Hamas e da Jihad Islâmica em Khan Yunis e Rafah, no sul da Faixa de Gaza, mas ao que parece não há vítimas.
Na Cisjordânia, o jovem palestino Yussuf Abu Zagher, de 18 anos, foi morto na manhã desta terça pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, segundo fontes médicas.
O conselho de segurança israelense, que inclui os principais ministros, reuniu-se na segunda-feira em Jerusalém, sob a presidência de Netanyahu, informou a rádio pública, acrescentando que haverá uma nova reunião na noite desta terça-feira.
Um míssil disparado de Gaza caiu na madrugada desta terça (horário local) no sul de Israel, sem causar danos, segundo o Exército.
A aviação israelense bombardeou pontos do sul de Gaza, sem causar vítimas, informaram testemunhas.
O chefe de Estado israelense, Shimon Peres, manifestou pesar pela morte dos jovens, acrescentando que "a determinação de Israel a combater o terrorismo será reforçada".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu às autoridades israelenses e palestinas que "trabalhem juntas para procurar e levar justiça aos responsáveis por esse ato odioso cometido por inimigos da paz".
Medo de represálias
O presidente Mahmud Abbas, convocou uma reunião de emergência do governo palestino após a descoberta dos corpos, anunciou seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina.
O acordo de reconciliação fechado entre o Fatah, de Abbas, e o Hamas, que levou, no último dia 2, à formação de um governo de união na Cisjordânia e em Gaza, parece cada vez mais ameaçado.
A resposta do mundo não demorou. Autoridades da França, Alemanha e Grã-Bretanha condenaram energicamente o crime, que ameaça bloquear o caminho da paz na região.
O Papa Francisco, que visitou a Terra Santa no fim de maio, classificou o crime de "inaceitável e execrável", em um comunicado divulgado na noite de hoje pelo Vaticano.
"É um obstáculo grave no caminho da paz. A violência chama mais violência e alimenta o círculo mortal do ódio", proclamou.
Milhares de militares israelenses cercavam hoje Halhoul e a cidade de Hebron, bloqueando seu acesso.
O Exército de Israel destruiu as casas dos dois principais suspeitos do sequestro, dois membros do Hamas em Hebron, que são procurados.
A polícia foi colocada em alerta em todo o território israelense, por temor de represálias contra a minoria árabe ou os palestinos, segundo a imprensa.
A organização israelense de defesa dos direitos humanos B'Tselem condenou o assassinato dos três estudantes e enviou suas condolências às famílias, pedindo ao governo israelense "que evite atos de vingança e não imponha uma punição coletiva"
Desde o sequestro, segundo uma porta-voz militar, o Exército israelense já prendeu 420 palestinos na Cisjordânia, incluindo 305 integrantes do Hamas, e revistou 2.200 prédios.
Cinco palestinos foram mortos por soldados israelenses desde o início da operação.
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