O escritor colombiano Gabriel García Márquez, falecido nesta quinta-feira aos 87 anos, influenciou inúmeros escritores de todo o mundo, que tiveram como modelo sua recriação poética da realidade, além de sua visão mítica da infância e de sua terra natal.
Fora do âmbito hispano-americano, Gabriel García Márquez "teve uma grande influência sobre diversos escritores que confessaram seu deslumbramento ao lê-lo, e essa impressão se propagou para todo o planeta", declarou à AFP Claude Durand, que o apresentou à França ao traduzir "Cem anos de solidão" no simbólico ano de 1968.
"Os filhos da meia-noite", um dos primeiros livros do britânico de origem indiana Salman Rushdie, mistura de mito, fantasia e vida cotidiana, não existiria se não houvesse antes "Cem anos de solidão", consideram muitos críticos.
"Com certeza, compartilhamos muitas coisas, mas não apenas ele e eu, e sim muitos escritores. Somos de uma mesma família", a do realismo mágico, explicou há alguns anos o autor de "Versos satânicos".
"O que admiro em García Márquez, o que me parece extraordinário em seu jeito de escrever, é que ele vê o mundo como uma aldeia", acrescenta Rushdie.
Bem longe da Colômbia, o chinês Mo Yan, consagrado em 2012 com o prêmio Nobel de Literatura, teve García Márquez como referência. "Ele leu e releu 'Cem anos de solidão' em sua tradução para o chinês", explicou à AFP uma de suas tradutoras para o francês, Chantal Chen Andro.
"O realismo mágico de Mo Yan está relacionado com o do escritor colombiano e com o de William Faulkner, outra de suas influências, quando aborda temas como a infância e sua terra natal, primeiro de maneira realista e, depois, dando asas a sua imaginação, assim como faz García Márquez ao descrever Macondo", seu povoado imaginário, acrescentou.
Faulkner inspirou García Márquez, que falava também de sua paixão por autores como Cervantes e Rabelais, por poetas como Rimbaud e cantores franceses como Leo Ferré e George Brassens.
Em Teerã, capital do Irã, outro dos livros de García Márquez, "Notícia de um sequestro", publicado em 1996, transformou-se em best-seller da noite para o dia.
A razão para isso foi uma mensagem atribuída ao opositor Mir Hossein Mussavi, em prisão domiciliar desde 2011: "Digo àqueles que quiserem entender a minha situação. Leiam 'Notícia de um sequestro', de Gabriel García Márquez".
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