(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

ONU alerta para uma nova Bósnia

Metade da população da República Centro-Africana sofre com sucessivos massacres decorrentes de guerra religiosa


postado em 29/03/2014 06:00 / atualizado em 29/03/2014 09:00


Genebra – A República Centro-Africana pode se transformar em “uma nova Bósnia”, com comunidades inteiras massacradas por outras de religiões diferentes diante dos olhos impotentes da comunidade internacional, advertiu ontem o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). “O caso da República Centro-Africana me lembra uma crônica de uma morte anunciada, em que sabemos o que vai acontecer antes que ela ocorra”, afirmou ontem o diretor de proteção internacional do Acnur, Volker Turk, que acaba de voltar de Bangui, a capital do país. “Há 23 anos trabalho no Acnur e poucas vezes vi situações tão complicadas e urgentes como na RCA. Infelizmente, me lembrou muito o que aconteceu na Bósnia”, acrescentou Turk. Ele explicou que os muçulmanos centro-africanos estão constantemente ameaçados e, na maioria dos casos, as comunidades muçulmanas “estão recuadas, em estado de sítio, e se alguém se atreve a sair é baleado pelas milícias anti-Balaka”.

Ódio crescente entre as comunidades, deterioração da segurança e das condições humanitárias e o aumento do medo e do trauma entre a população são o que marcam a atual situação na RCA, um ano após os rebeldes terem tomado o poder no país. Estima-se que milhares de pessoas foram mortas e que 2,2 milhões, cerca de metade da população do país, precisam de ajuda humanitária desde o início do conflito – com ataques principalmente de rebeldes muçulmanos do grupo Séléka –, em dezembro de 2012. Mais de 650 mil pessoas estão deslocadas e mais de 290 mil fugiram para países vizinhos.

O conflito tomou proporções cada vez mais sectárias conforme as milícias cristãs, conhecidas como “anti-Balaka” (“antiespada”) decidiram pegar em armas. O porta-voz do Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke, alertou que “caso a violência continue, os deslocados internos não serão capazes de voltar para casa antes da estação chuvosa, que começa em meados de abril”. Ele chamou a atenção para o fato de que a violência também limitará o acesso humanitário e minará os esforços da ONU de estabilizar as comunidades e fornecer apoio, criando a possibilidade de que milhares de pessoas tenham que ficar para trás em acampamentos superlotados, sem a estrutura adequada para atendê-las. “A falta de financiamento continua sendo uma grande preocupação”, disse Laerke, notando que o Plano de Resposta Estratégica para a RCA, que requer cerca de US$ 551 milhões, está até o momento apenas 22% financiado.

Vinte pessoas morreram na noite de quinta-feira em Bangui, em um ataque com granada contra uma multidão que estava em um velório, anunciaram ontem as autoridades. O ataque ocorreu no Bairro de Kango, um dos mais populosos da capital centro-africana, segundo o ministro da Segurança Pública, Denis Wangao Kizimalé. Além dos 20 mortos, 11 pessoas ficaram gravemente feridas, incluindo dezenas de idosos e crianças.

CONGO O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu ontem prorrogar por mais um ano o mandato da missão da organização na República Democrática do Congo. Numa resolução aprovada por unanimidade, o órgão realça que a situação no país continua a constituir uma ameaça à paz e à segurança na região. Foi também estendido até 31 de março de 2015 o mandato da Brigada de Intervenção, que está integrada à missão com a sigla Monusco. As tropas são comandadas pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz. O pedido ao governo é que sejam responsabilizados os autores de crimes de guerra e contra a humanidade no país.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)