Kiev – Com mais de 6 mil homens, a Rússia assumiu o controle da Península da Crimeia, região autônoma da Ucrânia. Com o apoio dos líderes regionais pró-russos, militares ocupam aeroportos, bases militares e postos de fronteira estratégicos. A reação do governo central da Ucrânia foi veemente, considerando a ação militar como invasão e uma declaração de guerra. Na véspera, a mobilização das tropas causou um enorme movimento diplomático e reações irritadas de líderes ocidentais. No sábado, o presidente russo, Vladimir Putin pediu e recebeu autorização do Senado de seu país para usar as Forças Armadas russas na Ucrânia, uma solicitação que justificou com a necessidade de defender os interesses e a segurança dos cidadãos de etnia russa que vivem em território ucraniano.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, acusou a Rússia de declarar guerra ao país e classificou que a atual situação da Ucrânia está “à beira de um desastre”. Em coletiva de imprensa no Parlamento ucraniano, o premiê convocou ajuda da comunidade internacional para pressionar Putin a retirar as suas tropas da Península da Crimeia. O presidente interino da Ucrânia, Alexander Turchinov, anunciou que o país fechou seu espaço aéreo aos aviões não comerciais. “Caso ocorra um ataque das forças russas, ele será considerado uma agressão", afirmou.
No sábado, o governo interino ucraniano ordenou que suas Forças Armadas estivessem de “prontidão para o combate” e emitiu ordem para desviar recursos financeiros e técnicos para um eventual conflito. Ontem, Andriy Paruby, secretário do Conselho de Segurança, que reúne os principais chefes de Segurança e de Defesa do país, afirmou que todos os militares reservistas foram convocados. Ucranianos de até 40 anos de idade são considerados aptos para o serviço militar. Diplomatas ocidentais duvidam que o Exército ucraniano seria capaz de conter as tropas russas.
Na região, a maioria dos moradores é de origem russa, mas possui cidadania ucraniana. “Se o presidente Putin quer ser o presidente que iniciará uma guerra entre dois países amigos e vizinhos, ele está (quase) alcançado esta meta”, disse Yatsenyuk. "Estamos à beira de um desastre. Não havia nenhuma razão para a Federação Russa para invadir a Ucrânia".
monitoramento Em meio à agitação diplomática a chanceler alemã, Angela Merkel, conversou com Putin, que afirmou que as medidas foram adequadas para defender cidadãos russos e indivíduos que falam russo de ameaças “persistentes”. Em conversa por telefone durante a qual Merkel expressou preocupação sobre os desdobramentos na Ucrânia, ela e Putin concordaram em continuar consultas bilaterais e multilaterais para buscarem a "normalização" da situação, afirmou o governo russo em comunicado. Segundo o governo alemão, Putin, aceitou proposta de Merkel para o estabelecimento de uma "missão de averiguação" sobre a situação, possivelmente sob a liderança da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
O presidente do Parlamento da Crimeia, Vladimir Konstantinov, anunciou que no referendo convocado para 30 de março perguntará à população se ela deseja que a região tenha “estatuto estatal”. A data originalmente anunciada, 25 de maio, foi adiantada devido ao avanço das tropas russas sobre a região. Pouco depois da entrevista coletiva, um caminhão com escada retirou as bandeiras da Ucrânia da fachada do prédio, substituindo-as por bandeiras da Crimeia.