O Quênia enterrou nesta quinta-feira as vítimas do massacre do centro comercial Westgate de Nairóbi, sobre o qual ainda persistem muitas perguntas sem resposta.
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Interpol ordena captura de 'viúva branca' a pedido do QuêniaLuto nacional no Quênia e busca por corpos em shopping de NairóbiPresidente do Quênia anuncia fim do ataque a shopping de NairóbiJustiça indicia quatro pessoas relacionadas com ataque a shopping no QuêniaQuênia prende mais um suspeito por ataque a shoppingQuênia repudia alerta dos Estados Unidos após ataque em NairóbiNo Westgate, os socorristas e investigadores seguiam realizando no devastado edifício, de onde se elevavam pequenas colunas de fumaça. O presidente queniano, Uhuru Kenyatta, anunciou na tarde de terça-feira o fim do ataque de Westgate e um balanço dramático: ao menos 61 civis mortos, além de seis membros das forças de segurança e cinco criminosos. No total, 240 pessoas ficaram feridas e 11 detidas. A polícia indicou que o registro é provisório. A Cruz Vermelha indicou 61 desaparecidos (contra um registro anterior de 71 desaparecidos), alguns dos quais, incluindo membros do grupo radical islâmico, podem estar entre os escombros.
O ministro do Interior, Joseph Ole Lenku, quis tranquilizar a opinião pública e disse que "há um número pequeno de corpos" entre as ruínas enegrecidas pelas chamas. No entanto, a imprensa e as redes sociais quenianas receberam com ceticismo estas declarações. Para o jornal Daily Nation, "há um grande problema sobre o número de reféns que podem ter morrido nos tiroteios" entre os criminosos e forças de segurança, assim como "no desabamento dos andares" do centro comercial. No Twitter, surgiam perguntas como: "Se há reféns que foram socorridos, onde estão?".
O líder do grupo islamita Shebab que realizou o ataque, Ahmed Abdi Godan, declarou que o comando agiu em represália pela presença do exército queniano na Somália desde o fim de 2011, e contra "os ocidentais que apoiaram a invasão queniana" da Somália. "Retirem suas tropas (...) ou preparem-se para outros massacres", ameaçou. De qualquer forma, os shebab conseguiram despertar temor. No Burundi, país que também participa das operações na Somália, a população teme ser o próximo alvo de um ataque e já são muitas as vozes que exigem a retirada das tropas na Somália.
Os investigadores de vários países, entre eles Reino Unido, Estados Unidos, Israel, Alemanha e Canadá, assim como da Interpol, ajudam as autoridades quenianas na investigação que abriram. Segundo o ministro do Interior, a investigação "vai durar ao menos uma semana". Além da identidade das vítimas, continua sendo controversa a identidade dos criminosos, já que algumas fontes se referem à presença de americanos ou britânicos entre eles.
Ainda nesta quinta, a Interpol emitiu uma ordem de captura internacional contra a britânica Samantha Lewthwaite, chamada de "viúva branca", a pedido do Quênia, indicou em um comunicado a organização internacional. Samantha Lewthwaite, de 29 anos, conhecida também pelo nome de Natalie Webb, é procurada pelo Quênia por posse de explosivos e conspiração para cometer um crime. Essas acusações datam de dezembro de 2011. Há aproximadamente dois anos, Lewthwaite, mãe de três filhos e viúva de um dos terroristas suicidas dos atentados de 7 de julho de 2005 em Londres, está foragida.
A segurança foi reforçada nas principais cidades, nos aeroportos e nas fronteiras. Mas dois policiais e um civil morreram em dois incidentes separados no nordeste e na fronteira com a Somália. A morte dos policiais foi reivindicada pelos shebab em sua conta no Twitter.
Embora a classe política não pare de pedir união, o ataque do Westgate pode reativar as tensões étnico-religiosas entre cristãos majoritários e muçulmanos, em grande parte de origem somali.