Jornal Estado de Minas

Coreia do Norte faz obras em reator nuclear

AFP

A Coreia do Norte realiza obras no reator nuclear de Yongbyon, que se encontra em um "estado espantoso" e poderia provocar uma catástrofe na península coreana, advertiu nesta quinta-feira uma fonte russa citada por agências de notícias.

"É evidente que acontecem obras no local há algum tempo. Alguns sinais mostram que pretendem reativar o reator", disse a fonte diplomática.

"O reator construído nos anos 50 se encontra em um estado espantoso", disse, antes de acrescentar que Moscou está preocupado com uma eventual reativação do reator.

"Isto poderia ter consequências terríveis para a península coreana, provocar uma catástrofe", afirmou.

O eventual religamento de um reator nuclear da Coreia do Norte seria "um erro" e um problema "grave", advertiu o emissário americano para a Coreia do Norte, Glyn Davies.

"Seria um erro da parte da Coreia do Norte, porque isto constituiria uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse.

A Coreia do Norte parece ter reiniciado um reator que produz plutônio, confirmando a ameaça de incrementar seu arsenal nuclear, informou na quarta-feira o Instituto EUA-Coreia da Universidade Johns Hopkins.

Imagens de satélite obtidas em 31 de agosto revelam um vapor saindo de um prédio próximo ao reator nuclear de plutônio de cinco megawatts em Yongbyon, destaca o Instituto.

A Coreia do Norte "parece ter colocado em operação o reator", escreveram os pesquisadores Nick Hansen e Jeffrey Lewis no blog do Instituto, '38 North'.

Para a fonte russa, a nuvem de vapor visível na foto "poderia corresponder simplesmente a uma verificação do gerador".

Segundo os pesquisadores americanos, o reator "é capaz de produzir seis quilos de plutônio ao ano, que podem ser usados por Pyongyang para incrementar lentamente o volume de seu arsenal nuclear".

A Coreia do Norte anunciou em abril que voltaria a colocar em funcionamento todas as instalações de Yongbyon para "reforçar em qualidade e quantidade seu arsenal nuclear".

As instalações deixaram de funcionar em 2007, após um acordo internacional apoiado pelos Estados Unidos.

As revelações acontecem em um período de elevada tensão internacional devido à política nuclear da Coreia do Norte, que desafiou a comunidade internacional ao realizar um terceiro teste nuclear, em fevereiro passado, e ameaçou atacar os Estados Unidos por sua dura reação à prova atômica.

A Coreia do Norte disporia de um estoque de plutônio suficiente para produzir seis bombas, depois de ter utilizado parte das reservas nos testes.

No mês passado, o Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional (ISIS) informou que a Coreia do Norte havia dobrado a capacidade de enriquecimento de urânio em Yongbyon.

Quando o governo norte-coreano revelou a existência deste local em 2010, durante a visita de um cientista americano, havia quase 2.000 centrífugas para enriquecer urânio destinado a uma central nuclear.

No entanto, para os Estados Unidos, Coreia do Sul e seus aliados, os norte-coreanos querem utilizar este urânio para fabricar armas.

Nas últimas semanas, Pyongyang indicou que desejava o reinício das negociações sobre seu programa nuclear, que incluem Coreia do Sul, Estados Unidos, Rússia, China e Japão.

Mas Washington e Seul insistem que antes de qualquer nova conversação a Coreia do Norte demonstre a disposição de negociação.

Mas com a retomada das obras no reator, o fechado regime comunista norte-coreano volta a utilizar uma tática que já deu resultados: esticar a corda até que seus adversários façam concessões.

"Os norte-coreanos dizem que estão dispostos a retomar as negociações, mas não sabemos sobre o que. A situação é complicada no momento", disse a fonte diplomática russa.