Jornal Estado de Minas

Uso de armas químicas na Síria é "inegável", afirma secretário de Estado dos EUA

Em pronunciamento, John Kerry disse que não existem mais dúvidas sobre ataque

Emerson Campos
Pelo menos 1,3 mil pessoas morreram durante ataque químico na Síria - Foto: REUTERS/Bassam Khabieh
"Inegável e indesculpável". Foi assim que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, tratou os ataques com armas químicas ocorridos na última semana na Síria, que resultaram em mais de 1300 mortos e chocaram o mundo. Em pronunciamento no Departamento de Estado, em Washington, Kerry afirmou que não restam mais dúvidas do uso dos armamentos - proibidos por convenção internacional em 1993 - contra os civis. "O assassinato de mulheres, crianças e pessoas inocentes por armas químicas é uma obscenidade moral", completou.
Em sua fala, John Kerry disse a administração de Barack Obama pode responsabilizar o governo sírio pelos ataques contra os rebeldes e civis, sugerindo que a Casa Branca está se aproximando de uma resposta militar depois de consulta com os aliados dos Estados Unidos.

Kerry também disse que a recusa do governo sírio em permitir o acesso imediato aos locais do ataque na última quarta-feira foi um indicador da tentativa de se esconder as responsabilidades. "Nosso senso de humanidade básica é ofendido não só por este crime covarde, mas também pela tentativa cínica de encobri-lo", pontuou o secretário.

"ILÓGICAS" Em entrevista ao jornal russo Izvestia, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse que as acusações de que suas forças haviam usado armas químicas foram ilógicas e um "atentado contra o senso comum". O líder sírio advertiu os Estados Unidos de que a intervenção militar na Síria traria "fracasso assim como em todas as guerras anteriores, começando com o Vietnã e até os dias de hoje".

John Kerry sugeriu intervenção na Síria - Foto: AFP Photo/Jewel SamadPutin diz que não há provas de ataque

O presidente russo, Vladimir Putin, disse ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que ainda não há nenhuma prova de que o regime sírio tenha usado armas químicas contra os rebeldes na Síria, anunciou nesta segunda-feira a assessoria do premier. Durante uma conversa por telefone, Putin disse: "Eles não têm provas nem da utilização de armas químicas nem de quem seria a responsabilidade".

Contestando a posição do presidente russo, Cameron repetiu que há "poucas dúvidas" de que o regime tenha efetuado um ataque químico na quarta-feira passada, perto de Damasco. O chefe de governo britânico manifestou dúvidas sobre a capacidade dos rebeldes de realizar um ataque como o resgistrado e indicou que o regime havia lançado uma grande ofensiva na região nos dias anteriores.

"O regime também impediu o acesso da ONU (à região) imediatamente, o que leva a crer que eles tinham alguma coisa a esconder", considerou Cameron ao presidente Putin. Os dois líderes reafirmaram o compromisso assumido pelos dirigentes do G-8 de não deixar que ninguém utilize armas químicas sem que haja uma resposta da comunidade internacional.

*Com AFP