Brasília – A União Europeia (UE) se juntou aos Estados Unidos e incluiu ontem em sua lista de organizações terroristas o braço militar do movimento xiita libanês Hezbollah (Partido de Deus, pró-iraniano). A decisão foi tomada sob a forte pressão motivada pelo envolvimento de milicianos no atentado de Burgas (Bulgária), em 18 de julho do ano passado, que causou a morte de cinco turistas israelenses e um búlgaro. Reino Unido, Austrália, Canadá e Holanda já tinham adotado medida semelhante. O governo libanês, sobre o qual o partido xiita tem influência predominante, lamentou a decisão, mas assegurou que ela não vai alterar suas relações com o bloco europeu.
O presidente de Israel, Shimon Peres, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu elogiaram a decisão, assim como o governo dos EUA. O ministro das Relações Exteriores holandês, Frans Timmermans, explicou que a medida adotada pelo bloco significa "congelar bens, bloquear o financiamento e, portanto, limitar a capacidade de ação" da milícia xiita. "É positivo que a UE tenha decidido dar ao Hezbollah o nome que merece: uma organização terrorista", afirmou. Vários governos europeus pressionavam por uma resposta desde o ataque na Bulgária, mas uma parte argumentava sobre a importância de distinguir o movimento político de seu braço militar.
A distinção é uma difícil missão até mesmo para o próprio grupo, segundo o pesquisador do programa Oriente Médio e Norte da África do Conselho de Relações Exteriores Europeu, Julien Barnes-Dacey. "Essa divisão mal é reconhecida dentro do Hezbollah, embora, é claro, haja divisões entre aqueles que são a favor da política e os que defendem a abordagem militante", analisou ontem, no site do conselho. Na sua avaliação, a medida terá pouco efeito na prática, e funcionários europeus continuarão livres para manter encontros com figuras políticas do grupo. "O objetivo parece ser mais satisfazer o desejo da Europa de assumir uma posição simbólica, particularmente por conta da forte pressão dos EUA e de Israel, do que se tomar uma posição firme contra o movimento."
Na visão de Barnes-Dacey, existe na Europa uma preocupação de que o total enfraquecimento do Hezbollah possa desestabilizar o Líbano no momento em que o país "está à beira de um conflito civil, dadas as conexões com o conflito na Síria".