Jornal Estado de Minas

Asilo na Rússia, só com silêncio

Jorge Macedo - especial para o EM
Moscou – Retido na área de trânsito do Aeroporto Internacional Sheremetyevo, em Moscou, o ex-agente americano Edward Snowden apresentou ontem um pedido de asilo à Rússia. Com o passaporte cancelado pelos Estados Unidos, ele não pode viajar e aguarda a decisão do Equador sobre um pedido semelhante. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assegurou que não tem intenção de entregá-lo a Washington, mas concordaria com a permanência em seu território apenas se ele se comprometesse a não fazer novas revelações prejudiciais aos "parceiros americanos". Em sua primeira mensagem em oito dias, Snowden acusou o governo Obama de usar "velhas e más ferramentas de agressão política" e a "cidadania como arma" para silenciá-lo. A mensagem foi publicada pelo site WikiLeaks.
A solicitação de asilo foi confirmada pelo serviço consular do aeroporto. "Às 22h30 (15h30 de Brasília) de ontem (domingo), a cidadã britânica Sarah Harrison se apresentou ao serviço consular do aeroporto Sheremetyevo e entregou um pedido de asilo político de Snowden", declarou Kim Shevchenko, funcionário desse departamento. Sarah é consultora jurídica do WikiLeaks – o site que vazou informações secretas diplomáticas e militares americanas em 2010 – e que acompanha Snowden desde sua partida de Hong Kong, em 23 de junho. A partir do território chinês, ele revelou que o governo americano mantém programas secretos de vigilância civil.

Questionado sobre o futuro de Snowden, Putin disse que Moscou "nunca entrega ninguém", mas não descartou a possibilidade de uma "troca de pessoas". O diretor do Carnegie Moscow Center, Dmitri Trenin, lembrou que Moscou poderia se interessar por uma troca de Snowden pelo piloto Konstantin Iarochenko e pelo ex-militar Viktor Bout, detidos nos EUA por tráfico de drogas e de armas. "Se Snowden quiser ficar aqui, a condição é que ele pare com suas atividades visando a prejudicar nossos parceiros americanos", declarou o presidente russo. Ontem, os EUA asseguraram que Snowden terá direito a um julgamento "justo" quando voltar ao país.