Brasília – Após a quinta noite consecutiva de violência no subúrbio de Estocolmo, a polícia sueca decidiu reforçar a segurança também nas cidades de Malmö, ao sul, e Gotemburgo, a oeste. Desde domingo, atos de vandalismo praticados por jovens foram registrados na área da capital, e o serviço público de segurança teme que os incidentes se repitam no fim de semana. Na madrugada de ontem, escolas e postos policiais foram depredados, além de 15 carros incendiados. Chegou-se a estimar que a onda de violência é a pior dos últimos anos no país, mas autoridades locais minimizaram a situação. "Tenho visto na mídia internacional que se trata de um motim de jovens contra a sociedade, mas isso não é verdade. Trata-se de um caso de pequenas proporções", declarou Erik Ullenhag, ministro da Integração.
Para o especialista, a Suécia tem um "política migratória generosa", mas enfrenta problemas para absorver os imigrantes na sociedade e, principalmente, no mercado de trabalho. O desemprego entre a parcela estrangeira da população sueca chega a 16%, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD). A média nacional é de 6%. A OCDE aponta que o país registrou o maior aumento na desigualdade social entre os países desenvolvidos, nos últimos 25 anos. Segundo Bo Malmberg, geógrafo da Universidade de Estocolmo, os estrangeiros da última década vieram, na maioria, de países árabes, como Iraque e Síria, e de nações africanas, como Etiópia e Somália. Com a dificuldade para conseguir trabalho, Malmberg acredita que a marginalização desses imigrantes foi salientada pelo corte de benefícios aos desempregados.
Em entrevista ao jornal The Local, o historiador David Lindén afirma que o sentimento de impotência entre os jovens imigrantes motivou a onda de violência no subúrbio de Estocolmo. Um morador de Husby afirmou à rádio Swedish que a hostilidade seria "a única forma de expor o racismo" que, segundo ele, existe na região. Ontem, 13 pessoas com idades entre 17 e 26 anos foram presas acusadas de participar de atos de vandalismo. Na noite de quarta-feira, os bombeiros foram chamados para atender cerca de 90 casos. Bases policiais, escolas e bibliotecas foram apedrejadas, e estima-se que entre 20 e 30 carros tenham sito incendiados. Para o criminologista Jerzy Sarnecki, a situação deve se acalmar na próxima semana, mas ele ressalta que isso não significa o fim dos problemas que a causaram.