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Estado de Minas

Oposição e governo trocavam acusações às vésperas dos resultados na Venezuela


postado em 15/04/2013 00:13 / atualizado em 15/04/2013 07:57

Cerca de 12 milhões (em torno de 60% do total) dos 19 milhões de eleitores aptos a votar foram às urnas ontem na Venezuela para escolher o sucessor de Hugo Chávez, que presidiu o país por 14 anos e morreu em 5 de março, vítima de câncer – em outubro, o comparecimento esbarrou nos 80%. O pleito ocorreu num cenário de polarização política e trocas de acusações mútuas entre a situação, representada por Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) –, e a oposição, do candidato Henrique Capriles, do Primeiro Justiça. As pesquisas de intenção de voto apontavam como favorito Nicolás Maduro, presidente interino e herdeiro político de Chávez. Na quinta-feira passada, elas mostravam Maduro com 51,6% das intenções de voto, enquanto Capriles detinha 42,3%, com uma margem de erro de 2,37 pontos percentuais. A votação se encerrou às 18h (19h30 em Brasília).


Maduro votou em Caracas logo depois de Capriles. “Por ele, pelo gigante. Pelo meu pai”, disse Maduro, se autodefinindo como filho de Chávez. Ele chegou ao Centro da capital venezuelana dirigindo uma caminhonete – da qual muitas pessoas tentaram se aproximar, mas foram impedidas por militares. “Nunca pensamos em estar aqui”, garantiu o ex-líder sindical, que em várias ocasiões sustentou o discurso de que nunca pensou em se candidatar à Presidência e que não sabe por que Chávez o escolheu. Capriles votou um pouco antes de seu opositor e pediu à população que comparecesse às urnas. “Quero saudar daqui toda a Venezuela”, disse o advogado de 40 anos, que competiu pela segunda vez ao cargo de presidente como opositor do governo atual.

A tarde de votações foi marcada por intenso esforço de ambas as partes para convencer os eleitores a comparecer às urnas, já que o voto não é obrigatório no país. Um dos recursos usados pelos apoiadores de Maduro foi o uso de caminhões com cornetas, que acordaram os venezuelanos antes do amanhecer, em uma tradicional tática do governo socialista para levar os cidadãos do país às urnas. Os caminhões acrescentaram uma novidade ao repertório quando começaram a rodar, por volta das 3h: a voz de Chávez cantando o hino nacional e uma popular música militar da Venezuela. Em algumas partes de Caracas, foguetes foram disparados.

O líder comunitário venezuelano pró-governo Richard Escobar uniu forças para chamar as pessoas às urnas em Petare, uma das maiores favelas da América Latina. Durante os 14 anos em que Chávez esteve no Palácio Miraflores, os apoiadores do governo consolidaram seu poder em Petare, onde vivem meio milhão de pessoas. O governo ofereceu ajuda para casas que fornecem sopas, centros de idosos, enfermarias e outros serviços. “Se nós não subirmos os morros e persuadirmos os pobres a votar, nós vamos perder”, disse Escobar. Ele reconhece Maduro como sucessor Chávez e diz que oposição, Henrique Capriles, é um assassino e fascista. Os esforços para levar as pessoas às urnas foram intensos também nas regiões onde Capriles era favorito. Em Los Palos Grandes, um distrito a leste de Caracas, com ruas cheias de butiques caras, grupos de jovens usam megafones nas calçadas dizendo “nós temos de votar, temos de votar”.

ELITE Nicolás Maduro, disse ontem, durante a votação, que não fará “pacto com a burguesia” nem manterá diálogo com a “elite” nacional. Ele foi ainda evasivo em relação a uma retomada de relações com os Estados Unidos, “porque eles estão sempre conspirando”. As declarações são o primeiro indício do que esperar de um governo Maduro. Ele afirmou que o governo de seu antecessor, Hugo Chávez, sempre quis dialogar com a oposição, mas os opositores sempre preferiram tentar tirar Chávez do poder pela força. Citou, como exemplos, um fracassado golpe de Estado em 2002, uma greve patronal no fim de 2002 e em 2003, e um referendo revocatório em 2004 – ano em que o líder bolivariano finalmente consolidou seu poder no país.

“O pacto com a burguesia se acabou. Aqui não haverá pacto com a burguesia, haverá diálogo com a classe operária, com os empresários patriotas, com os estudantes secundaristas, universidades, professores, diálogos bolivarianos com todos. Bem-vindos”, continuou. “Sempre estamos abertos a conversar sobre todos os temas. Mas na Venezuela há uma revolução e ela criou novos valores da democracia. Um deles foi acabar com o pacto das elites e o coleguismo.”

Raio X do país

O país sul-americano, de 912 mil quilômetros quadrados, tem 29 milhões de habitantes, dos quais 31,9% vivem na pobreza e 8,6% na extrema pobreza. Da força de trabalho de 13,5 milhões de venezuelanos, 8% estão desempregados. A inflação em 2012 chegou a 20,1%, o Produto Interno Bruto (PIB) é de US$ 311,4 bilhões e o PIB per capita registra US$ 10,7mil. De cada US$ 100 exportados, US$ 95 advêm do petróleo, cuja produção diária é de 3 milhões de barris. O câmbio oficial é de 6,30 bolívares por dólar. Violência: 16 mil homicídios em 2012, o que põe o país em primeiro lugar na América do Sul nesse quesito.


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