A Coreia do Norte descartou ontem a proposta de diálogo de Seul, enquanto a região aguarda um possível lançamento de mísseis pelo regime comunista, coincidindo com a celebração, hoje, do aniversário de seu fundador, Kim Il-sung. Em uma nota publicada ontem pela agência estatal de notícias norte-coreana KCNA, Pyongyang considerou a proposta de diálogo sugerida na semana passada pelo presidente sul-coreano, Park Geun-hye, “vazia” e “um estratagema astuto para ocultar a política da Coreia do Sul voltada ao confronto”. Park disse na quinta-feira que tinha intenção de “falar com a Coreia do Norte” para melhorar o ambiente de tensão que paira sobre a Península Coreana por causa das intensas ameaças bélicas feitas por Pyongyang há mais de um mês.
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EUA estão abertos ao diálogo com Coreia do NorteJapão e EUA propõem novo diálogo com Coreia do NorteCoreia do Norte: EUA determinados a defender o Japão Coreia do Norte celebra feriado nacional alheia a tensãoDinastia de alto riscoNesse sentido, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que se encontra viajando pela Ásia oriental, se mostrou de acordo com a proposta de Park ontem, em Tóquio. A visita de Kerry ao Japão é a parada final de uma turnê pela Ásia que visa solidificar o apoio à interrupção do programa nuclear da Coreia do Norte, e também tranquilizar os aliados dos EUA na região. Numa entrevista coletiva, Kerry insistiu que é necessária uma “resolução pacífica” para a situação tensa que vive a zona devido às ameaças bélicas lançadas desde março pela Coreia do Norte. O responsável da diplomacia norte-americana afirmou que seu país “fará o necessário para defender seus aliados Japão e Coreia do Sul das ameaças norte-coreanas”, mas disse que os Estados Unidos preferem a mesa de negociação como fórmula de resolução do conflito. Por meio de um comunicado conjunto com Pequim, Kerry defendeu no sábado a via pacífica e a desnuclearização da península como formas para solucionar o conflito.
Especialistas da Coreia do Sul acreditam que o regime comunista liderado por Kim Jong-un, neto de Kim Il-sung, não tem intenção de iniciar uma guerra e emprega suas ameaças como estratégia para reforçar a posição de seu governo totalitário dentro do país e perante o exterior. O próprio Kim Jong-un não aparece em público há duas semanas, o que é bastante frequente no país mais hermético do mundo, embora se espere que ele lidere amanhã o desfile militar que o regime costuma realizar todo 15 de abril em Pyongyang para prestar homenagem a Kim Il-sung e seus descendentes. Segundo a imprensa japonesa, Tóquio enviou ao Mar do Japão navios com armamento apto a interceptação de mísseis. Interceptores foram instalados também na capital japonesa e em áreas próximas. Washington anunciou recentemente a intenção de posicionar mísseis no Oeste do Oceano Pacífico.