O mundo indaga o porquê de a situação na Península Coreana ter chegado a esse quadro. Tenta saber como a dinastia Kim conseguiu manter-se no poder por todo esse tempo. Quais perspectivas tem o regime nortista? Kim Jong-un, diferentemente de seu pai e seu avô, seria um reformista? Até agora essas perguntas ecoam planeta afora, sem respostas. Certo é que a tensão cresceu devido às sanções impostas ao regime de Pyongyang em represália pelo lançamento de um foguete para pôr em órbita um satélite em dezembro passado – segundo Washington e a Coreia do Sul, foi um teste disfarçado de um míssil balístico de longo alcance – e a execução, em 12 de fevereiro, do terceiro teste nuclear de sua história.
O mundo observa de longe um regime anacrônico, crítico e, com frequência, ameaçador. O Ocidente o vê com uma mistura de inquietação, por suas provocações, desafios e caráter de imprevisibilidade, em um planeta marcado pela liderança militar e econômica norte-americana, e com fascínio, por seu sigilo, sua sociedade abraçada à dinastia Kim e sem se dobrar à pressão de Washington.
Embora Kim Jong-un não tenha experiência, tem por trás, na coxia do regime, dois mentores: sua tia Kim Kyong-hui (irmã de Kim Jong-il) e o marido dela, Jang Song-thaek, vice-presidente da Comissão Nacional de Defesa e considerado o número 2 governo. O Estado norte-coreano, na condição de policial, exerce controle total sobre a sociedade. Kim Jong-un despertou esperanças de que fosse um reformista, por ter estudado na Suíça. Pensou em fazer mudanças na economia para melhorar a vida de seu povo, mas teve de dar voz a seus generais, que lhe alertaram sobre o que ocorreu no Iraque e na Líbia.
“A sobrevivência política de Kim Jong-un dependerá do êxito na transição do poder de seu pai para ele”, escreveu o pesquisador russo Andrei Lankov, especialista em Coreias, em dezembro de 20011, em Foreign affairs. “Para sobreviver, o regime de Pyongyang não terá outra saída senão continuar sendo o que é hoje, uma ditadura anacrônica, com armas nucleares, cuja população vive na pobreza abjeta”, disse. Passados 16 meses de sua assertiva, o mundo teme uma catástrofe continental, caso Jong-un autorize hoje o disparo de mísseis que diz ter rumo a seus sessentões inimigos.