A nova lei eleitoral, chamada de Código da Democracia e aprovada pela Assembleia Nacional no ano passado, determina que a imprensa equatoriana está impedida de fazer propaganda “direta ou indireta” por meio de mensagens que “tendam a favor ou contra” um candidato. Na sexta-feira, os jornais foram proibidos de publicar fotos do último dia da campanha, sob a justificativa de que as imagens poderiam influenciar na decisão do eleitor.
“Um segundo turno é improvável, mas não impossível”, acredita o cientista político Simón Pachano, da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso). “As normas eleitorais dificultaram o debate de ideias e a oposição não conseguiu encontrar uma proposta que desafiasse Correa, que teve mais exposição na mídia que os rivais.”
O economista Walter Spurrier, da publicação online Análisis Semanal, concorda com essa avaliação. “Os meios de comunicação tiveram medo de informar livremente. Eles tinham de dar o mesmo espaço para todos os candidatos, mas o espaço dado às chapas menos relevantes prejudica quem poderia levar a disputa com Correa para o segundo turno”, disse. “A imprensa limitou-se a informar o dia dos candidatos. Não creio que o eleitorado tenha podido analisar.”
Um levantamento da ONG Participação Ciudadana divulgado na semana passada mostra que Correa teve três vezes mais tempo nos canais da TV estatal do que seu principal concorrente, o banqueiro Guillermo Lasso. A tendência repetiu-se nos jornais e nas rádios, apesar de o presidente ter tido menos aparições em canais privados que o rival.
Apesar do comportamento refratário à imprensa, Correa é bem visto pela população, principalmente por seus investimentos em obras de infraestrutura e projetos sociais. Durante seu governo, 930 mil pessoas saíram da pobreza, que caiu 9 pontos porcentuais entre 2006 e 2011. Um programa similar ao Bolsa Família dá às mães de famílias de baixa renda, pessoas com deficiência e idosos US$ 50 por mês. Houve investimentos também em estradas, saúde e educação.