Jornal Estado de Minas

Grevistas de minas de ouro da África do Sul rejeitam oferta dos empregadores

AFP
Os trabalhadores em greve das minas de ouro sul-africanas rejeitaram nesta quinta-feira a proposta de acordo dos empregadores para pôr fim a um conflito que afeta o setor há várias semanas e que deixou outros dois mortos, informou um responsável do sindicato majoritário NUM.
"Apresentamos a oferta aos mineiros em greve e disseram 'não'", disse à AFP Kenneth Buda, o coordenador do NUM, apesar de acrescentar que os empregadores e os sindicatos voltariam a se reunir na segunda ou na terça-feira. Os grevistas reivindicam um salário de 12.500 rands mensais (1.100 euros).

A Câmara de Minas, a patronal do setor, propôs na terça-feira à noite uma série de prêmios e promoções que o NUM aceitou apresentar aos grevistas, mas que estes recusaram.

Em Rustenburgo (norte) nesta quinta-feira um homem morreu queimado e outro baleado próximo a uma mina de platina da Anglo American Platinum (Amplats), informou a polícia.

"Por volta das 06H00 (01H00 de Brasília) da manhã, a polícia foi informada de que cerca de 400 pessoas se reuniram nos bairros de Nkaneng, próximo a uma mina da Anglo American Platinum. Quando os policiais chegaram ao local, confirmaram que um homem foi baleado, mas que estava vivo e foi transferido ao hospital", explicou o capitão Denis Adriao, porta-voz da polícia. Ele morreu durante a tarde, acrescentou.

"A polícia encontrou vários metros à frente um homem que foi queimado. Ainda estava vivo, mas morreu no local", explicou.

"Detivemos 40 pessoas por violência pública", concluiu o porta-voz da polícia, acrescentando que era muito cedo para identificar as vítimas.

Outro grupo foi dispersado nos arredores de uma mina, informou.

A Amplats anunciou na sexta-feira a demissão de 12.000 mineiros (mais de 40% de seus efetivos) em Rustenburgo, onde suas operações estão praticamente paralisadas por uma greve não-autorizada que começou no dia 12 de setembro.

Os mineiros não acatam a autoridade do Sindicato Nacional de Mineiros (NUM, majoritário), que consideram demasiado brando e reivindicam consideráveis aumentos salariais.

Quatro das cinco minas de Rustenburgo estão paralisadas e os mineiros buscam o fechamento da quinta.

O conflito da Amplats deixou, pelo menos, quatro mortos (nove, segundo o NUM). Os conflitos sociais nas minas já causou a morte de mais de 50 mortos desde o começo de agosto.

A África do Sul vive há dois meses uma onda de greves não-autorizadas que começou de forma sangrenta na mina de platina de Marikana, antes de se estender a toda região mineradora de Rustenburgo, em minas de ouro e, em menor medida, a minas de cromo e de carvão.