"A China é o desafio em longo prazo (para os Estados Unidos), o Irã é o de curto prazo, mas a América Latina é o que exige maior atenção", garante Sobel, embaixador em Brasília entre 2006 e 2009.
A campanha do ex-governador republicano, empatado nas pesquisas com Obama, se concentra na situação econômica americana, e Sobel estendeu essa preocupação à relação com a América Latina.
Romney está disposto a propor mais tratados de livre comércio com a região nos primeiros cem dias de governo, assegurou Sobel, sem dar mais detalhes.
O governo Obama ratificou dois tratados respectivamente com a Colômbia e com o Panamá no ano passado, mas Sobel lamentou que a negociação final vá demorar mais de três anos.
A plataforma oficial dos republicanos, aprovada na semana passada durante a convenção que oficializou Romney como candidato, dedica boa parte de suas propostas sobre as Américas à "ameaça venezuelana", Estado classificado como "narcoterrorista".
O presidente Obama, "em vez de apoiar nossos aliados democráticos, deu prioridade às relações com seus inimigos na região", afirma a plataforma aprovada em Tampa, na Flórida.
Romney foi aclamado como candidato presidencial em um discurso na quinta-feira passada, e uma hora antes de seus assessores sobre questões internacionais se reunirem com embaixadores latino-americanos na convenção republicana, revelou Sobel em seu discurso.
"Infelizmente, quando examinamos o que o governador Romney falou, o que disse sua plataforma, não se vê a América Latina como uma terra de oportunidades, mas como uma terra de ameaças", acusou Restrepo, que atualmente assessora a campanha de Obama.
Restrepo enfatizou que Obama manteve 30 encontros bilaterais com mandatários latino-americanos ao longo de sua gestão, 18 deles com os representantes de Canadá, México, Brasil e Colômbia.
"Este presidente se centrou nos interlocutores-chave da região e começou pela segurança pública", tema mais importante, disse Restrepo.
Restrepo lembrou que a imagem dos Estados Unidos tem melhorado substancialmente segundo todas as pesquisas nos últimos quatro anos.
Entretanto, a América Latina deixou de ser uma prioridade para os Estados Unidos há mais de quatro anos, constatou Charles Shapiro, presidente do Instituto das Américas no debate na CAF.
"É triste, mas talvez seja uma sorte para a região", acrescentou Shapiro, para quem a América Latina se lançou em uma reflexão interna nas últimas três décadas.
"As nações do hemisfério estão cada vez mais conscientes de que (por exemplo) os problemas do Peru devem ser resolvidos pelos peruanos, e não pelo presidente dos Estados Unidos", indicou Shapiro.
"A assistência dos Estados Unidos é mínima", disse.
"Cabe apenas esperar que quem ganhar as eleições (de 6 de novembro) escolha as pessoas adequadas", concluiu o especialista, que elogiou o papel de Restrepo na Casa Branca.