Jornal Estado de Minas

Liberais devem governar a Líbia

Passada a euforia das eleições de sábado no país do Norte da África, população torce por um Parlamento soberano

Até mesmo crianças empunhavam bandeiras ontem em carreatas pelas ruas da capital, Trípoli, festejando as eleições realizadas no sábado - Foto: REUTERS/Esam Al-Fetori

A coalizão liberal Aliança das Forças Nacionais registra vantagem na corrida eleitoral, segundo pesquisa boca de urna na Líbia. O grupo do ex-chefe do governo de transição Mahmud JIbril teria conseguido maioria na capital, Trípoli, e em Benghasi. A Irmandade Muçulmana estaria em segundo lugar. O sábado foi um dia de festa para os líbios. O comparecimento às urnas foi de 60% dos quase 2,9 milhões de pessoas registradas para votar. O resultado da votação pode ser anunciado hoje.

Depois da euforia com o dia histórico, os líbios mostram grandes expectativas com o caminho democrático que o país deverá seguir a partir de agora. Para muitos jovens, o pleito foi a materialização do triunfo que conseguiram com os protestos do ano passado. Eles acreditam que agora o país precisa usar a grande chance de implantar um sistema político totalmente diferente, após 42 anos do regime Kadafi. “Se os religiosos chegarem ao poder e reafirmarem as tradições e as tribos, não teremos um país democrático. Por isso, precisamos fazer algo para que não influenciem a Constituição”, disse o estudante de medicina Vasef Salem Albradi,Albradi. Para ele, a verdadeira revolução vai começar agora.

No Leste do país, mais abastado que outras regiões graças à exploração de petróleo, foram registrados atos de vandalismo e de violência durante o dia de votação. Nessa parte do país, onde há um forte movimento separatista, ocorreram os primeiros protestos contra o então ditador Muamar Kadafi. Segundo informações de um antigo comandante rebelde, na cidade de Adjdabiya, manifestantes incendiaram 14 dos 19 colégios eleitorais. Atos semelhantes também foram registrados em Benghasi, Brega e Gadamis. Apesar dos protestos, a comissão eleitoral afirma que apenas 6% dos locais de votação foram fechados.

Adeptos do movimento de autonomia do Leste reclamam de discriminação com relação ao populoso Oeste. Eles reivindicam mais assentos no Parlamento. Para aumentar a pressão sobre o Conselho Nacional de Transição (CNT), que atualmente governa o país, eles chegaram a fechar três refinarias de petróleo na semana passada. A população foi às urnas escolher os 200 representantes da Assembleia – 100 representantes de Trípoli e do Oeste, 60 assentos de Benghasi e o Leste e 40 do Sudoeste. Entre esses mandatos, 120 serão entregues a candidatos independentes e 80 aos que compuseram listas partidárias. Os futuros parlamentares estão encarregados de montar uma comissão com 60 nomes, que será responsável por elaborar a nova Constituição líbia.