Enquanto cerca de 20 estudantes saíam da sede da Universidade do Chile, outros chegavam para realizar trabalhos de limpeza e apagar os milhares de rabiscos feitos em suas paredes. Os estudantes chilenos encerravam assim um ano marcado por oito meses de protestos para exigir o fim do sistema educativo herdado da ditadura de Augusto Pinochet, e que, diante da falta de resposta do governo do presidente Sebastián Piñera, continuarão em 2012.
"O movimento estudantil continua no ano que vem, porque os motivos pelos quais nos mobilizamos não estão resolvidos", afirmou nesta quinta-feira Gabriel Boric, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECH), a mais poderosa do país, e que substituiu no cargo a carismática Camila Vallejo. Vallejo, militante do Partido Comunista e personalidade do ano no Chile, segundo várias pesquisas e publicações, perdeu a reeleição e ficou como vice-presidente da federação.
Segundo Boric, ainda não foram definidas as formas de mobilização para o ano que vem, apesar de não ter se descartado que os protestos continuarão, assim como greves e ocupações de sedes estudantis. Fruto das reformas impostas pela ditadura de Pinochet (1973-1990), que reduziu a menos da metade o aporte público à educação e impulsionou a entrada das escolas e universidades privadas, hoje apenas 40% dos estudantes chilenos vai a colégios públicos gratuitos, enquanto não existe essa possibilidade no nível superior.