Quando Álvarez entrou no quarto de Jackson no dia de sua morte, 25 de junho de 2009 - porque Murray havia alertado que o cantor havia tido uma "reação ruim" -, encontrou o artista "deitado na cama com os braços estendidos, os olhos entreabertos e a boca aberta". O médico lhe aplicava uma massagem cardíaca apenas com a mão esquerda, contou o colaborador, na Suprema Corte de Los Angeles.
Por trás de Álvarez chegaram dois dos três filhos de Jackson - Paris e Prince. "Paris gritou: 'Pai!' Estava chorando", descreveu o colaborador, num momento em que a emoção tomou conta do julgamento, que pode durar cinco semanas.
O assistente disse que tirou as crianças do quarto e, ao retornar, o médico "recolheu um punhado de ampolas e pediu que elas fossem colocadas em uma bolsa". Em seguida, Murray lhe pediu que retirasse uma bolsa marrom de soro que continha restos de uma solução leitosa. Ao pegá-la, Álvarez percebeu que havia um frasco dentro, que identificou como uma embalagem de 100mg de Propofol.
"Achei que estivéssemos nos preparando para ir para o hospital", comentou o colaborador, olhando para o médico, sentado à sua frente.
O tribunal ouviu a gravação do telefonema que Álvarez deu ao serviço de emergência pedindo uma ambulância, seguindo ordens de Murray. "Ele não está respirando. Está inconsciente, está na cama, não responde", disse o colaborador ao atendente.
O advogado de Murray, Edward Chernoff, questionou a possibilidade de Álvarez ter feito tudo o que contou antes de chamar a emergência, como retirar as crianças do quarto e recolher ampolas. "Sou muito eficiente", respondeu o colaborador.
Outra testemunha do terceiro dia de julgamento foi Kai Chase, chef de Jackson. Ela contou que, naquela manhã, viu "Murray descer as escadas até a cozinha, em pânico (...) Ele gritava: 'Procure ajuda, chame a segurança, procure Prince (filho mais velho do cantor)'".
O advogado de defesa Michael Flanagan questionou: "Você viu Murray frenético, com os olhos arregalados, gritando. Percebeu que alguma coisa estava errada, e foi procurar uma criança de 12 anos?" "Fiz o que me pediram", respondeu a chef.
Parte do clã Jackson compareceu ao tribunal, incluindo seus pais, Katherine e Joe, e os irmãos do cantor La Toya, Janet e Randy.
O juiz não permite a divulgação da ordem das testemunhas convocadas, mas, até o momento, ela coincide com a ordem das audiência preliminares. Para esta sexta-feira, estão sendo esperados os depoimentos dos paramédicos.