Cerca de 500 anos depois do nascimento do protestantismo, Bento XVI classificou Lutero de cristão apaixonado e pediu a luteranos e católicos que busquem o que têm em comum num mundo cada vez mais laico.
Em um encontro com representantes da Igreja católica evangélica alemã, em um antigo convento agostiniano, em Erfurt, onde Lutero foi ordenado sacerdote, o Papa elogiou pela primeira vez a paixão do teólogo causador de um dos mais importantes cismas da Igreja católica.
"O mais necessário para o ecumenismo é que, sob a pressão da secularização, não percamos quase por inadvertência as grandes coisas que temos em comum como cristãos", afirmou, no segundo dia de visita oficial à Alemanha.
"Foi um erro da era confessional ter visto em maior parte apenas o que separava e não perceber de maneira existencial o que temos em comum nas grandes orientações da Santa Escritura e nas profissões de fé do cristianismo antigo", afirmou o Papa.
Mais cedo, Bento XVI também pediu um melhor diálogo entre a cristandade e o Islã.
"Acho que uma colaboração fecunda entre cristãos e muçulmanos é possível", afirmou o Papa ao receber, em Berlim, representantes do Islã em seu país natal.
"Reconhecemos a necessidade (...) de progredir no diálogo e estima recíprocas", insistiu, apesar de o diálogo entre as duas religiões não ter ficado tão fácil depois da polêmica lançada pelo sumo pontífice há cinco anos, durante um discurso na Baviera, onde estabeleceu um vínculo entre o Islã e a violência religiosa.