O Chile estava parcialmente paralisado nesta quarta-feira, com barricadas em algumas avenidas, prédios públicos e parte do comércio fechado. Manifestantes realizaram diversos confrontos com a polícia, no primeiro dia de greve nacional de 48 horas convocada pela maior central sindical do país, a Central Unificada dos Trabalhadores (CUT).
As reivindicações vão desde a redução dos preços dos combustíveis até uma reforma na Constituição, passando por uma mudança no Código de Trabalho. Além disso, especula-se sobre a possibilidade de a greve se transformar em um levante generalizado para derrubar o governo do direitista Sebastián Piñera.
A greve obteve a adesão de sindicatos, estudantes, professores, partidos políticos de esquerda e até mesmo de algumas empresas privadas. O país vive há mais de três meses uma greve de estudantes e professores do ensino médio e universitário, que pedem educação pública gratuita e de qualidade.
O movimento teve início pela manhã, com manifestantes colocando fogo em pneus e pedaços de madeira para bloquear as vias mais importantes de Santiago, como a Avenida Alameda, principal artéria da cidade. Ao mesmo tempo, saída de ônibus em alguns pontos da periferia da cidade foram impedidos. Em pelo menos três pontos da cidade, a polícia teve que usar jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que tentavam bloquear o trânsito.
Segundo o presidente Piñera, a intenção da greve foi única e exclusivamente causar danos ao Chile. "Vimos hoje o uso equivocado de um instrumento legítimo de protesto, que poderia ter sido substituído por diálogo e acordos", disse. "Quando se tenta paralisar um país inteiro, todos saem perdendo", completou.
A Associação Nacional de Funcionários Públicos (Anef, na sigla em espanhol) calculou uma adesão de 80% da classe. "O governo está empenhado em aparentar normalidade, quando todo o país sabe que não há normalidade hoje", afirmou Arturo Martínez, presidente da CUT, que reúne 10% da força de trabalho nacional.