Em 2011, o Ramadã caiu no período mais quente do verão no Oriente Médio. Os preços dos alimentos normalmente sobem na época do Ramadã e os extravagantes jantares que marcam o fim do jejum no começo de todas as noites deverão provocar um rombo ainda maior no orçamento das famílias e indivíduos.
"Antes da revolução, os egípcios eram como gravetos esperando pelo fogo", disse Mahmoud El-Askalany, do grupo egípcio Cidadãos contra o Alto Custo de Vida. "Se alguém acha que isso mudou, está errado. A mesma raiva que vimos pode explodir novamente e ainda pior".
Em alguns países mais ricos do Golfo Pérsico, as autoridades ordenaram aumentos nos salários e tentam controlar os preços dos alimentos para evitar novas explosões de revolta. No Bahrein, que assistiu a uma sangrenta repressão da minoria sunita contra a maioria xiita no primeiro semestre, o rei Ahmad al-Khalifa ordenou um aumento salarial para funcionários públicos, militares e aposentados. No Catar, o governo reduziu os preços de 267 tipos de alimentos e outras mercadorias.
Mas essas medidas são muito caras em países mais pobres como o Egito e a Síria. No Egito, os preços dos alimentos subiram 19% em junho, sobre o mesmo mês do ano passado, dobrando o núcleo da inflação mensal. Para reduzir as tensões, o governo da junta militar anunciou na semana passada que reduzirá em 50% o preço dos alimentos básicos, consumidos diariamente por dezenas de milhões de egípcios.