Jornal Estado de Minas

Irmão do presidente do Afeganistão é morto em casa

AFP
Ahmed Wali Karzai, irmão mais novo do presidente do Afeganistão Hamid Karzai e homem forte do sul do país, foi assassinado em sua casa em Kandahar nesta terça-feira, anunciaram as autoridades afegãs, um crime que foi reivindicado pelos insurgentes talibãs.
O assassinato desta figura polêmica, acusada de envolvimento com o narcotráfico, representa um grave revés para o regime, já que Wali Karzai constituía um forte apoio para o irmão nesta instável e estratégica região onde as forças da Otan combatem os guerrilheiros talibãs. "Podemos confirmar que foi assassinado", declarou à AFP o porta-voz do governo provincial de Kandahar, Zalmay Ayubi.

- Foto: AFP PHOTO/Banaras KHAN/FILES O porta-voz do ministério afegão do Interior, Seddiq Seddiqi, confirmou o "atentado" contra o irmão de Karzai e sua morte. Um porta-voz talibã, Yusuf Ahmadi, disse em ligação telefônica à AFP que o grupo encomendou recentemente a morte de Ahmed Wali Karzai, um homem poderosos e controverso no sul afegão. "É um de nossos maiores êxitos desde que começou a ofensiva (da primavera (hemisfério norte)). Recentemente havíamos encomendado a Sardar Mohamad que o matasse", declarou Ahmadi. "Sardar Mohamad também morreu", completou.

O assassinato aconteceu pouco antes do presidente afegão receber o colega francês, Nicolas Sarkozy, que faz uma visita não anunciada ao Afeganistão e durante a qual anunciou que a França retirará mil de seus 4.000 militares do país até o fim de 2012. Um membro da agência de inteligência afegã (NDS) que pediu anonimato afirmou à AFP que Sardar Ahmad era amigo de Ahmed Wali Karzai. m"Ele visitou Wali em sua residência. Estavam sozinhos em um cômodo, ele sacou a pistola e o matou. Os seguranças entraram no local e mataram Sardar", declarou a fonte da NDS.

Ahmed Wali Karzai foi acusado várias vezes nos últimos anos pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos e a imprensa deste país de corrupção e ligação com o narcotráfico. Sempre negou as acusações e afirmava que não existiam provas contra ele. "Se alguém tiver provas ou documentos contra mim, que os apresente e eu estarei disposto a comparecer a um tribunal", declarou, depois de ter sido acusado pelo jornal americano New York Times.

As acusações foram reiteradas por telegramas diplomáticos confidenciais redigidos na embaixada americana de Cabul e divulgados pelo site Wikileaks. A província de Kandahar, na fronteira com o Paquistão, é uma área histórica dos talibãs e uma das regiões mais instáveis do Afeganistão. Em maio de 2009, Ahmed Wali Karzai anunciou que havia escapado ileso de uma emboscada contra seu comboio na província de Cabul.